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Argentino mira brasileiros no Uruguai

Milionário do país vizinho lança empreendimento de luxo de olho no interesse crescente pela badalada costa uruguaia

Valor dos terrenos pode chegar a US$ 2 milhões; empresário diz seguir tradição familiar para viabilizar seus sonhos

SYLVIA COLOMBO
ENVIADA ESPECIAL A PUNTA DEL ESTE

Filho do criador do Malba (Museo de Arte Latino-Americano de Buenos Aires) e mecenas de produções cinematográficas brasileiras, o jovem milionário argentino Eduardo Costantini Jr., 36, aposta agora no mercado imobiliário de alto padrão e mira o público brasileiro.

Seguindo os passos do pai, que criou condomínios do tamanho de pequenas cidades no Uruguai e na Argentina, Costantini Jr. se prepara para abrir as portas de um novo empreendimento, o Las Cárcavas (nome de cavidades naturais causadas pela erosão).

Trata-se de um conjunto de lotes perto da praia, a 20 minutos de Jose Ignacio, point chique de verão da badalada costa uruguaia. O valor dos terrenos varia de US$ 400 mil a US$ 2 milhões (R$ 690 mil a R$ 3,5 milhões).

A praia, antes conhecida só por um público alternativo, hoje reúne famosos. Ali viveu, por alguns anos, o escritor britânico Martin Amis, com a mulher uruguaia e os filhos. Hoje, quem tem casa lá é a cantora colombiana Shakira, a maior estrela do pop latino-americano.

É nesse público seletivo, que tomou conta de Punta del Este e arredores, que Costantini Jr. está de olho.

"Venho para cá desde criança e acompanho as transformações. Antes, era um balneário argentino; agora é internacional, há muitos brasileiros", diz à Folha o empresário, mecenas de filmes como "Tropa de Elite" e "Lula - O Filho do Brasil".

VEIA ARTÍSTICA

Costantini Jr. quer tentar pegar carona na crescente procura do público brasileiro por negócios e propriedades em Punta del Este, mas não quer abrir mão de suas veleidades artísticas.

O Las Cárcavas terá um cinema, um centro cultural e promoverá lançamentos e debates sobre novas obras.

Apostar no mercado imobiliário, diz ele, é uma forma de bancar seus sonhos com relação ao cinema.

"Para seguir nessa indústria, é preciso dinheiro. Minha família já tem tradição na área de construção. Continuo o projeto de família para viabilizar outro, pessoal."

O próximo filme no qual está envolvido será a nova produção dirigida por Sofia Coppola ("Lost in Translation"), ainda sem nome.

Ele diz que sua parceria com o diretor brasileiro José Padilha ("Tropa de Elite") foi boa, mas não esconde o ressentimento de ter sido deixado de fora da segunda parte.

"Como não havia acordo por escrito, ele achou que não precisava mais e fez sem mim", diz Costantini Jr.

Evitou falar mal do filme, mas deixa claro que não achou a sequência tão impactante como o primeiro, no qual pôs US$ 2 milhões quando o projeto estava no papel.

Após o sucesso de "Tropa 1", que ganhou o Urso de Ouro em Berlim, o empresário não repetiu o feito em "Lula", fracasso de bilheteria. E seus sonhos de trabalhar com mais frequência com a Globo, a Conspiração e a Videofilmes não foram adiante.

Costantini Jr. ainda mantém uma cinemateca on-line, a Mubi (www.mubi.com), com escritórios em Buenos Aires, Londres e Paris.

Criada em 2008, já conta com mais de 4.000 filmes e privilegia o cinema de arte, com novidades de festivais e títulos de David Lynch, Gus Van Sant, Alexander Sokurov e outros. O empresário é contra a pirataria e crê que sites como o Mubi são a vanguarda no modo como o cinema será distribuído no futuro.

"Procuro usar nela a experiência que adquiri nos anos em que trabalhei no Malba, fundando e cuidando da programação da cinemateca do museu", diz.

A jornalista SYLVIA COLOMBO viajou a convite da Costa Partners.

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