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Análise combustíveis

Sem aumento da gasolina e do diesel, Petrobras terá novas perdas neste ano

ADRIANO PIRES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na última semana, dois eventos trouxeram a política de preços de combustíveis da Petrobras para o centro do debate.

O primeiro foi a entrevista do ex-presidente da empresa José Sergio Gabrielli, na qual ele ponderou a necessidade de reajuste dos combustíveis no mercado doméstico.

O segundo foi a divulgação do fraco resultado da empresa no quarto trimestre de 2011, deixando claro o dano que a política de subsídio velado ao preço dos combustíveis causa à empresa.

O lucro líquido da estatal naquele trimestre atingiu apenas R$ 5,05 bilhões, 52,4% inferior ao do quarto trimestre de 2010, que foi de R$ 10,6 bilhões.

Parte significativa da piora veio da área de abastecimento, cujo prejuízo atingiu R$ 4,4 bilhões no quarto trimestre de 2011, ante lucro de R$ 1,4 bilhão no mesmo trimestre de 2010.

A transformação de lucro em prejuízo se deve ao fato de a empresa vender gasolina e óleo diesel no mercado doméstico por preços abaixo dos do mercado externo.

Em 2011, o forte aumento do consumo de gasolina C (que cresceu 24%, ante 2,7% do PIB) fez com que a empresa aumentasse em 300% suas importações desse combustível, uma vez que a capacidade de refino do país está esgotada.

Para 2012, não existe expectativa de melhora nesse cenário, sendo esperado novo aumento das importações, e, consequentemente, novo prejuízo para a Petrobras.

Em 2011, o consumo aparente de gasolina A ficou em 165 milhões de barris, e as importações atingiram 13,8 milhões de barris, gerando dispêndio de R$ 3 bilhões à Petrobras.

Ao vender esse volume de gasolina no mercado doméstico a preços abaixo dos do mercado internacional, a Petrobras registrou perda de R$ 655 milhões.

Para 2012, com o preço fixo no mercado doméstico, estima-se que as perdas poderão atingir R$ 2,2 bilhões.

No caso do diesel, as importações custaram R$ 13,8 bilhões. Como o subsídio, a Petrobras registrou perda de R$ 3,1 bilhões.

Para 2012, estima-se que o volume de importações de diesel gere dispêndio de R$ 17,5 bilhões.

Caso o preço do diesel se mantenha congelado no mercado doméstico, as perdas da Petrobras atingiriam R$ 3,9 bilhões.

Assim, a perda com a venda subsidiada de gasolina A e de diesel importados saltaria de R$ 3,7 bilhões em 2011 para R$ 6,1 bilhões em 2012 (aumento de 65%).

Esse cenário de aumento de importações de gasolina e de diesel tende a se manter nos próximos anos. A única forma de conter esse consumo e, consequentemente, das importações, seria a elevação dos preços dos combustíveis, o que parece pouco provável diante das declarações da nova presidente da empresa. A conferir.

ADRIANO PIRES é diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).

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