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Análise / Agronegócio

Mercado brasileiro de milho está vivendo uma nova dinâmica

O APETITE DA CHINA PODERÁ AJUDAR A MANTER EM ALTA OS PATAMARES DOS PREÇOS INTERNACIONAIS DO MILHO

LEONARDO SOLOGUREN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Apesar do recuo dos preços internacionais do milho na última semana, as cotações dos contratos futuros do grão negociados na Bolsa de Chicago permanecem em patamares elevados, principalmente para os contratos com vencimento no curto prazo.

Os contratos com vencimento em setembro e em dezembro seguem apresentando desvalorização ante aos contratos com vencimento em maio. A diferença entre os contratos com vencimento em maio e em setembro chega a ser de quase 12%. A expectativa de maior oferta do produto na safra 2012/13 nos EUA explica esse movimento de mercado invertido.

A expectativa de desvalorização nos preços internacionais do milho no segundo semestre, em tese, seria preocupante ao mercado brasileiro, já que as exportações tornam-se extremamente necessárias para manter os preços remunerados no mercado doméstico, lembrando que o mercado interno não é capaz de absorver o excedente de produção.

No entanto, há dois fatores que chamam a atenção. Em primeiro lugar, destacam-se as vendas antecipadas de milho no mercado brasileiro. Em Mato Grosso, as vendas do milho a ser colhido na segunda safra já atingiram cerca de 70%, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária.

Sem dúvida, boa parte desse milho será destinado à exportação. Em 2011, Mato Grosso foi responsável por cerca de 64% de todo o volume vendido ao mercado externo. Portanto, o risco do preço está sendo amenizado pelo movimento de vendas antecipadas.

Em segundo lugar destaca-se o apetite da China. O país asiático bateu recorde de importações de grãos em março, e as compras de milho explicam boa parte desse resultado. Somente em janeiro e em fevereiro, as importações chinesas somaram 1,26 milhão de toneladas.

Segundo informações do Usda, os compromissos norte-americanos de exportação de milho para a China já totalizaram 4,26 milhões de toneladas na safra 2011/12. O volume, portanto, já supera os números estimados pelo Usda, que tinha como expectativa o total de 4 milhões de toneladas.

O apetite da China poderá, portanto, ajudar a manter em alta os patamares dos preços internacionais. Independentemente do movimento vindo da Ásia, o fato é que o mercado brasileiro começa a amadurecer. Há tempos, as vendas antecipadas de milho eram praticamente inexistentes, o que tornava o mercado brasileiro refém das políticas públicas para tornar viável as exportações do grão em momentos pouco favoráveis às vendas externas.

De fato, ainda há certa dependência, mas os movimentos das tradings de antecipar as compras de milho já visando as exportações reduzem o nível da dependência governamental.

Outro sinal de amadurecimento do mercado pode ser representado pela melhora da liquidez nas negociações dos contratos futuros da BM&FBovespa. O milho passou a ser o segundo produto agropecuário mais negociado nessa Bolsa. Sem dúvida, parece que estamos diante de uma nova dinâmica no mercado brasileiro de milho.

LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro-agrônomo, mestre em economia e sócio-diretor da Clarivi.

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