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Análise País perdeu a oportunidade de ajustar a economia após 2008 SÉRGIO VALEESPECIAL PARA A FOLHA A crise de 2008 serviu de estopim para vários países partirem para processos muitas vezes dolorosos de ajustes em suas economias. Temos visto diversas reformas sendo aprovadas, especialmente na Europa, e o custo unitário do trabalho tem apresentado quedas, tornando essas economias gradativamente mais competitivas. A China também continua seu processo de reformas e já entra numa fase mais profunda de mudança estrutural, com a presença maior de robotização em suas fábricas -hoje, o custo de manter um trabalhador já está próximo do custo anual de um robô. Assim, falta de mão de obra parece não ser um problema. Os EUA também ttiveram a oportunidade de desenvolver novas fontes de energia a partir do gás de xisto, o que permitiu o barateamento do custo de energia à indústria. Enquanto isso, os dados do índice de competitividade colocam o Brasil numa posição nada tranquila na comparação com outras economias. Ao mesmo tempo em que vários países optaram pelo caminho de ajuste, a nossa foi pelo caminho contrário. Os itens que os executivos apontaram como os mais fracos do país são justamente aqueles que não estão sendo equacionados e que garantiriam crescimento sustentado (P&D, educação, carga tributária, competência do governo e infraestrutura). O governo tem insistido na tática de estimular a demanda de qualquer maneira, aparentemente como se o crédito fosse guia seguro para o crescimento de longo prazo, e desconsidera fazer o ajuste necessário do lado da oferta. Estimular a demanda exigiria um esforço de negociação no Congresso que envolveria mais participação do setor privado em infraestrutura e menos gasto público. Muitas vezes se esquece de que as reformas dos anos 1960 e 1990 foram essenciais para aumentar a competitividade que garantiu mais crescimento nos anos 1970 e 2000. Nos dois casos, fomos atropelados por crises externas. Perdeu-se a oportunidade de ajustar nossa economia a partir de 2008, assim como não a ajustamos em 1974. Não significa que teremos hiperinflação, crise de balanço de pagamentos, nada disso. O não ajuste vai significar só que tenderemos a crescer abaixo da média mundial. SERGIO VALE é economista-chefe da MB Associados Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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