Venda de carros recua apesar de incentivo

Os estímulos do governo para o setor de veículos ajudaram a reverter a queda das vendas em maio, mas ainda não garantiram uma retomada para os níveis de 2011.

Os emplacamentos registraram alta de 12% em relação a abril, para 274,5 mil unidades, de acordo com dados do setor obtidos pela Folha. Em 2011, o avanço entre os dois meses foi de 10%.

A comparação com maio do ano passado, no entanto, mostra recuo de 8,7%, ante alta de 18,4% em 2011.

No acumulado de janeiro a abril, a queda é de 4,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os números incluem automóveis e comerciais leves e ainda serão divulgados pela Fenabrave (associação que reúne as concessionárias).

O governo anunciou a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para o financiamento de veículos no dia 21 de maio.

As medidas, que valem até o fim de agosto, reduziram em 10% o preço dos carros.

O impacto dos estímulos deve ficar mais claro neste mês, quando todas as vendas serão feitas com incentivo.

Em maio, a venda nas novas condições abrangeram uma semana. Considerando um intervalo entre a compra e o emplacamento, o impacto das medidas valeu por cerca de cinco dias, segundo estimativas do setor.

A ação do governo seguiu a forte queda das vendas em abril, quando o volume foi o menor para o mês desde 2009, e representou uma tentativa de reduzir estoques.

As medidas também tentam atacar a restrição do crédito, apontada como a principal responsável pelo esfriamento do setor.

O rigor maior na aprovação dos financiamentos reflete a alta da inadimplência no setor. O nível de calotes atingiu novo recorde em abril.

Segundo o consultor de varejo de veículos Ayrton Fontes, mesmo após a medida, a concessão de créditos continua restrita a pessoas com capacidade de pagar entradas maiores, o que deve reduzir o impacto dos estímulos no resultado das vendas.