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Análise Cana

Clima e fator humano influenciam o mercado de açúcar

PLINIO NASTARI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Até o dia 15 deste mês, a área plantada com cana-de-açúcar na Índia alcançou 5,18 milhões de hectares, novo recorde e ligeiramente superior ao anterior, atingido em 2006/7, de 5,16 milhões de hectares.

Em condições normais, essa área deveria gerar produção também recorde de açúcar. No entanto, até agora as chuvas de monções têm estado entre 44% e 53% abaixo da média histórica nas principais regiões canavieiras. Mas ainda há tempo para a recuperação dos canaviais.

O endividamento da indústria e o atraso nos pagamentos da cana aos fornecedores também podem causar outro entrave, uma vez que o agricultor, contrariado, pode diminuir o volume de cana que vai para a indústria, direcionando-a para a produção de açúcares artesanais, denominados no mercado local como "jaggery", ou "ghur", e "khandasar", que são tipos diferentes de rapadura.

Enquanto na Índia predomina a habitual incerteza sobre qual volume poderá ser produzido na safra que vai começar em outubro, a produção de açúcar da Austrália está em recuperação, podendo crescer até 18% em relação ao ano anterior, gerando excedente exportável de 3,35 milhões de toneladas, ante 3 milhões em 2011/12.

Na região centro-sul do Brasil, as chuvas de inverno têm atrapalhado o ritmo normal de moagem, abrindo a perspectiva de que ocorra queda no volume de açúcares extraídos da cana.

De outro lado, essas chuvas melhoraram em muito o estado do canavial nesta safra, fragilizado por sucessivas secas e por atrasos na sua renovação.

Também têm permitido um bom desempenho na rebrota das soqueiras, que constituem a maior parte do volume a ser processado no ano que vem, diferentemente dos dois anos anteriores, quando faltou umidade, e os canaviais enfrentaram dificuldades para se desenvolver.

Não se espera para este ano a repetição dos episódios de florescimento e geada observados no ano passado.

Chuvas acima do normal na região centro-sul devem levar a uma aceleração do ritmo de moagem quando retomado, o que levará boa parte do volume adicional gerado de cana-de-açúcar para a fabricação de etanol.

Essa tendência vai se alinhar bem com o objetivo fixado pelo governo, de aumentar a produção de etanol.

Na região Nordeste, o problema é inverso, pois a produção começa a sofrer os efeitos da estiagem observada nas principais regiões canavieiras.

Além do imponderável causado pelo clima, o fator humano também tem sido motivo de incertezas.

Ameaças de greve e algumas paralisações parciais na mão de obra do porto de Santos, o maior em exportação de açúcar no mundo, têm contribuído para manter o mercado em alerta.

PLINIO NASTARI é mestre e doutor em economia agrícola e presidente da Datagro Consultoria.

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