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Outro lado

Ex-controlador do banco afirma que apuração é 'ilegal' e não prova nada

DE SÃO PAULO

Edemar Cid Ferreira negou que seus bens pessoais sejam fruto de desvios do banco. Disse que a investigação da OAR é "ilegal" e nada prova.

"A Lei de Falências determina que o falido participe e colabore com as ações do síndico da massa falida", disse. "A autorização judicial não seguiu os trâmites para esse tipo de investigação."

Segundo Edemar, o correto seria usar a estrutura do Ministério da Justiça para o pedido de quebra de sigilo no exterior -e não a contratação "suspeita" de uma empresa que vai ganhar 30% de tudo o que arrecadar fora do país.

"A contratação solicitada pelo Vânio Aguiar [síndico] foi autorizada manuscritamente pelo juiz."

Edemar diz que não há, nos 36 novos volumes, um único documento provando que o dinheiro saiu do banco e foi parar em empresas no exterior para, depois, voltar às companhias que controlam seus bens.

"A própria Justiça já disse que as operações que o Banco Central alegou serem simuladas eram legítimas", disse. "O banco fez negócios registrados pelo BC, é tudo legal. Até hoje, o BC não questionou uma única transação."

Edemar acusa o síndico da massa de montar "um negócio em cima da falência do banco". "Essa falência foi uma invenção do Vânio e do Banco Central", disse. "Na época da intervenção, o banco estava solvente."

ANTECEDENTES

Ainda segundo Edemar, as empresas criadas no exterior tinham o objetivo de garantir uma "segurança" à família. Como acionista controlador, ele diz ter recebido dinheiro suficiente para construir a casa e montar sua coleção de obras de arte.

Edemar confirmou que a Alsace Lorraine e a Montvale são "offshores" em seu nome. "A Alsace foi criada para captar recursos no exterior. Ela era administrada pelos diretores do banco", disse.

"Os recursos eram provenientes da venda de títulos e participações em outras empresas, que podiam ser repassadas para outros interessados. A maior parte das transações envolvia empresas e os recursos eram, portanto, destinados a elas. O BC sabe disso e não viu nada de irregular."

Edemar disse que "pode até ser que a Alsace tenha feito captações para o banco. Mas, se isso aconteceu, foi legítimo."

O ex-banqueiro negou que as empresas a que se refere o relatório da OAR sejam dele. "Não posso dizer quem eram os donos por uma questão de sigilo, mas os bancos que fizeram as transações sabem exatamente quem são e, garanto, não sou eu."

O ex-banqueiro confirmou os pagamentos feitos pela Alsace ao arquiteto Peter Marino, a existência das "offshores" em benefício dos filhos e a conta no UBS com US$ 4,4 milhões.

Edemar estuda medidas judiciais contra a "devassa" que está sofrendo. "Não se quebra sigilo dessa forma."

Segundo ele, o síndico e a OAR criaram um grande problema porque foram aos tribunais no exterior e conseguiram uma autorização sob a alegação de que o dinheiro saiu do Banco Santos fraudulentamente. "É uma mentira. Nunca se provou nada parecido. Muito menos agora."

Procurados, o síndico da massa falida, Vânio Aguiar, e a OAR não comentaram.

Leia a íntegra da entrevista
folha.com/no1113144

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