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Corrida ao Brasil esgota e encarece escritórios

Gasto de empresa para se instalar no país mais que triplica em 10 anos

Nas regiões mais concorridas de SP, aluguel comercial pode superar os de Londres, Paris ou Nova York

MAELI PRADO
DE BRASÍLIA

Foi em 2011, para apostar em um mercado considerado estratégico e para diversificar riscos em um momento de crise na Europa, que a empresa alemã de publicidade on-line Zanox decidiu abrir seu primeiro escritório no Brasil.

Mas foi só em 2012 que Rodrigo Genoveze, que trabalhava para o grupo na Espanha e foi promovido a diretor-geral no Brasil, conseguiu encontrar o imóvel certo para acomodar a nova filial.

A busca era por apenas 200 metros quadrados, mais que o suficiente para a equipe inicial de dez pessoas, mas a procura durou seis meses.

"Queríamos um prédio bem localizado, com transporte público próximo e espaço para crescer. Enfim encontramos um local perto da av. Paulista, em São Paulo."

A Zanox é somente uma entre as muitas empresas estrangeiras que ajudaram a engordar o recorde de investimentos de fora para instalação e manutenção de escritórios no Brasil neste ano.

Dados do Banco Central mostram que o valor, entre janeiro e maio, foi de US$ 2,866 bilhões, o maior montante em cinco meses desde 1980, quando a série começou.

Para ter uma ideia, em 2002, o valor no mesmo período foi de US$ 808 milhões, um crescimento de 255%.

Antes, quem queria estar presente na América Latina abria escritório no México ou até em Miami. Isso mudou.

"Cada vez mais as empresas de fora consideram que não estar no Brasil é perder mercado. E, quando chegam, querem uma boa localização e costumam gastar mais com projetos, estrutura de tecnologia e mobiliário", diz Adriano Sartori, diretor da consultoria imobiliária CBRE.

MAIS CARO QUE NY

O salto reflete também a disparada no preço dos aluguéis de imóveis nas principais capitais. No segundo trimestre, houve um aumento de 12% no valor das locações de escritórios ante os mesmos meses de 2011 em São Paulo.

Se a comparação é feita com o período de maio a junho de 2008, antes de estourar a crise internacional, a alta é de 40%, segundo dados da consultoria imobiliária Colliers International.

Hoje, a taxa de vacância do 1,65 milhão de escritórios "triple A" (os de padrão internacional) em SP é de 3,2%, número que chegou a menos de 1% no ano passado.

No Rio de Janeiro, onde as regiões mais procuradas são a orla e o centro, essa taxa é bem maior, de 10,4%.

"A área da Faria Lima [zona sul de SP], que, com a avenida Paulista e a Berrini, estão entre as mais desejadas, já tem um custo por metro quadrado de R$ 250 ao mês", diz Sandra Ralstom, vice-presidente da Colliers.

"É mais caro que Nova York, Paris e Londres."

SALÁRIOS

Como consequência do maior interesse no país, o montante total pago pelas estrangeiras em salários para funcionários que trabalham no Brasil também aumentou.

O valor foi de US$ 262,2 milhões nos primeiros cinco meses, maior montante desde 2009, segundo o BC.

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