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ANÁLISE ELETRICIDADE
Não há uma fonte de energia ideal; todas têm prós e contras
WALTER DE VITTO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Ao longo do último ano,
ganhou corpo o debate em
torno da ampliação da participação da energia térmica
na expansão da oferta de eletricidade no país.
A maior agilidade no processo de licenciamento ambiental de termelétricas criou
uma situação esquizofrênica
no setor elétrico nacional: as
regras ambientais acabam
por privilegiar uma fonte
mais poluente.
Como reflexo, desde 2005,
46% da energia contratada
vem de fontes termelétricas
não renováveis.
No caso das hidrelétricas,
a austeridade das regras ambientais não implica somente atrasos nas obras, como
também reduz sua capacidade de geração, já que as usinas, visando atender as exigências, não contam com reservatórios capazes de garantir a oferta de energia nos
períodos secos do ano.
Essa situação paradoxal
expõe as fragilidades dos critérios de seleção ambiental
dos projetos de geração de
energia no Brasil.
Se, por um lado, a expansão da produção e a inclusão
de parcelas crescentes da população ao mercado de consumo sinalizam demanda
crescente por energia elétrica, por outro, é preciso ampliar o debate quanto à melhor forma de atender a esse
consumo.
AMPLOS RECURSOS
O Brasil tem uma ampla
gama de recursos energéticos, o que possibilita aos planejadores do setor vislumbrar uma série de configurações para atender às crescentes necessidades do país.
Não há uma fonte ideal,
que alie baixo custo à adequação ambiental, previsibilidade e flexibilidade. Todas
possuem vantagens e desvantagens.
As hidrelétricas podem gerar energia em grande escala
e a baixo custo variável, já
que não requerem combustível, mas exigem investimentos pesados e causam impactos socioambientais significativos nos locais onde são
construídas.
As usinas eólicas causam
baixo impacto ambiental,
mas são relativamente caras,
pouco previsíveis e flexíveis,
dependentes do regime de
ventos.
As térmicas a gás e a óleo,
por sua vez, são previsíveis,
flexíveis e não requerem
grandes investimentos, mas
são poluentes e o custo do
combustível as torna mais
caras.
As térmicas a biomassa
também são relativamente
caras, mas trazem menores
impactos ambientais.
As usinas nucleares, por
fim, requerem grandes investimentos -o que as torna
pouco flexíveis-, mas não
são grandes emissoras de gases estufa, apesar dos riscos
associados à radiação.
Nesse sentido, a escolha
das fontes deve se pautar por
uma análise criteriosa do
custo-benefício -ambiental,
inclusive- das diferentes opções, bem como dos riscos da
adoção de determinada fonte
e do resultado de sua composição com as demais.
Uma opção interessante
seria incorporar ao sistema
de licenciamento e avaliação
dos impactos ambientais o
resultado da interação entre
a usina proposta e as demais
fontes.
WALTER DE VITTO é analista do setor de
energia da Tendências Consultoria
Integrada.
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