São Paulo, domingo, 03 de julho de 2011

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Negócio fica parado por 4 meses graças à demora em visto

Empresas reclamam da burocracia; "Se quiser contratar um Nobel, talvez tenha dificuldade", diz presidente do Ibmec

Processos precisam viajar a Brasília, dependem de traduções juramentadas e usam pouco a internet

DE SÃO PAULO

Estrangeiros que querem vir trabalhar no Brasil se queixam de longos prazos de espera, muita documentação exigida, centralização de todo o processo em Brasília e pouco uso da internet. O Ministério do Trabalho, entretanto, refuta essa percepção.
"Um processo de São Paulo tem de viajar até Brasília.
Se estiver faltando uma "consularização" [legalização em consulado brasileiro] ou uma tradução por tradutor juramentado, ele volta para ser reavaliado, refeito, iniciado um novo pedido. É um processo lento, não é on-line", diz Alessandra Leite, sócia da Assistere, que assessora trabalhadores estrangeiros.
O venezuelano Alex Savvazini, da DVP Technology, no Rio, já trabalhou em Dubai e diz que não havia tido tantas dificuldades como no Brasil: foram quatro meses para conseguir o visto. "Em Dubai, saiu em dois dias", diz ele, que ficou sem receber até conseguir a autorização.
Do lado do contratante, a morosidade também gera prejuízos. Entre os relatos à Folha, está o caso de um gigante de produtos laticínios que deveria ter se instalado no Brasil em março. Quatro meses depois, os executivos europeus e americanos ainda não conseguiram o visto.
Em vez de o projeto ficar parado, em alguns casos os executivos vêm com visto de turista e trabalham enquanto esperam a licença. Os riscos são de multa e expulsão.
"Se eu quiser contratar um Prêmio Nobel, talvez tenha dificuldade, dada a política atual. Trazemos nossos professores de fora muitas vezes como palestrantes e ficamos renovando esse visto até conseguir outro de professor titular", afirma VanDyck Silveira, presidente do Ibmec.

OUTRO LADO
Segundo Paulo Sérgio de Almeida, presidente do Cnig (Conselho Nacional de Imigração), do Ministério do Trabalho, o processo de vistos não é demorado nem complexo, tampouco a presença de trabalhadores estrangeiros é especialmente baixa.
"Nosso país é continental, com um mercado de trabalho grande que está se desenvolvendo. Está aumentando o número de pessoas escolarizadas, e nossa capacidade de geração de mão de obra qualificada é maior que em muitos países. Nosso maior desafio é formação, de nível superior e de nível técnico."
Em relação à demora, ele afirma que em muitos casos as empresas costumam dar entrada em pedidos com documentos pendentes. "Processos com documentação completa demoram conosco no máximo 30 dias. Um ou outro pode ser demorar mais, mas não passa de 40 dias." Sócia da Atene, assessoria que intermedeia a obtenção de vistos, Ziara Abud concorda. "Se pudesse ser mais rápido, seria ótimo. Mas houve fases em que era mais tempo e não havia acesso à publicação dos atos na internet, como hoje." (EF e NP)

Colaborou CIRILO JUNIOR, do Rio


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