São Paulo, domingo, 06 de junho de 2010

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Bancos ajudam Planalto a fazer lobby por Petrobras

Instituições pressionam oposição no Senado a não votar contra capitalização

Bancos são acionados a pedido de assessores de Lula e da estatal diante de risco de prejuízos com atraso em projeto


VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

Bancos privados nacionais e estrangeiros estão ajudando o governo Luiz Inácio Lula da Silva e a Petrobras a pressionar a oposição para aprovar no Senado o projeto de capitalização da estatal.
Pelos menos três instituições financeiras com interesse direto na operação procuraram senadores do PSDB e do DEM e pediram que eles não votassem contra a proposta, vital para os projetos da Petrobras de manter seu plano de investimento.
Aprovado o projeto no Senado, a estatal espera realizar a operação no final do mês que vem. Dirigentes da empresa e analistas estimam que ela possa chegar a R$ 100 bilhões, a maior da história da Petrobras e, talvez, do mercado mundial.
Com isso, o capital da empresa pode ser elevado em 38%, com base no valor de mercado de anteontem.
No discurso para convencer senadores da oposição, diretores e donos de bancos argumentam que a empresa poderá enfrentar dificuldades no final deste ano e no início de 2011 se a capitalização não for aprovada.
A informação é que a estatal já assumiu compromissos de investimento que exigem que ela capte entre este ano e o início do próximo pelo menos R$ 60 bilhões para manter seu cronograma.
Os bancos foram acionados a pedido da Petrobras e de assessores de Lula diante do risco de o projeto de capitalização não ser aprovado no início deste mês pelo Senado, o que comprometeria o cronograma da estatal.

PRESSA
A estatal tem pressa por dois motivos: 1) necessidade de aumentar seu capital; 2) captar recursos o mais rápido possível diante do aumento de seu endividamento líquido. Hoje, ele está na casa de 32%, o que ainda lhe garante acesso a financiamento a juros mais baixos.
Segundo analistas, se esse endividamento -usado pelas agências de risco para classificar as empresas- superar 35%, a Petrobras passará a captar recursos a um custo mais elevado.
Além disso, a ideia é fazer a operação antes das férias do mercado financeiro no hemisfério Norte, que começam em agosto. Depois, a operação poderia coincidir com a fase mais quente das eleições, o que é visto como não recomendável no mercado.
Um auxiliar direto do presidente Lula confirmou à Folha que o governo conta com a ajuda dos bancos que vão fazer parte da operação de lançamento de ações para aprovar a capitalização, cuja votação está marcada para terça ou quarta-feira.


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