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Microsoft cancela o celular Kin dois meses após o lançamento
Foram vendidas menos de 10 mil unidades do produto, que recebeu ênfase nas redes sociais
Para técnico da área, esse fracasso mostra a dificuldade da empresa em entender o que deseja o público jovem
ASHLEE VANCE
DO "NEW YORK TIMES"
Os engenheiros e executivos da Microsoft passaram
dois anos trabalhando para
criar uma nova linha de celulares inteligentes com nomes
que pareciam saídos do clássico infantil "The Cat in the
Hat": Kin One e Kin Two.
Com design elegante, ênfase nos recursos de redes sociais e uma campanha de
marketing dispendiosa, os
novos modelos tinham por
objetivo provar que a Microsoft era capaz de produzir o
celular certo para o mais difícil dos públicos: os jovens
usuários habituados a usar
tecnologia avançada.
Mas, na semana passada,
menos de dois meses depois
que o Kin chegou às lojas, a
Microsoft anunciou que cancelaria sua produção. Menos
de 10 mil unidades do Kin foram vendidas.
"É um recorde de velocidade em termos de cancelamento de produto, até onde
sei", disse Michael Cronan,
designer que trabalhou no
conceito das marcas Kindle,
para a Amazon, e TiVo.
FALTA DE SINTONIA
O fracasso do Kin reflete,
especialmente, a dificuldade
da Microsoft para oferecer
aquilo que a geração mais jovem de consumidores obcecados por tecnologia deseja.
Quando o tema são aparelhos eletrônicos, os criadores
de programas transferiram
suas atenções a plataformas
da Apple e do Google.
Enquanto isso, as jovens
empresas de tecnologia preferem usar software de negócios gratuito e de fonte aberta, em lugar dos produtos da
Microsoft, de modo que os jovens universitários que em
breve estarão em busca de
empregos também adotaram
o software de fonte aberta.
"A Microsoft está totalmente fora do quadro para os
programadores mais modernos e mais antenados de software", diz Tim O'Reilly, editor de uma linha bem-sucedida de manuais de desenvolvimento de software.
"E em larga medida está
sendo ignorada também pelos programadores médios."
INVESTIDA
Em 2008, a Microsoft adquiriu a Danger, uma empresa iniciante que havia criado
software muito popular para
celulares, com a esperança
de que essa tecnologia rejuvenescesse sua divisão de
software para celulares.
Mas a empresa enfrentou
percalços por demorar mais
que o esperado a criar novos
produtos com a tecnologia.
O Google também adquiriu uma empresa iniciante, a
Android. Tanto a Android
quanto a Danger tinham
Andy Rubin entre seus co-fundadores, mas ele foi trabalhar para o Google.
Depois da aquisição, o
Google fez do software Android a fundação de um império em rápido crescimento
na telefonia móvel, com operadoras de todo o mundo lançando produtos baseados
nessa tecnologia.
Já a Microsoft transferiu a
equipe que desenvolveu o
Kin para que passe a trabalhar no Windows Phone 7,
outra plataforma de telefonia
móvel a ser lançada pelo final deste ano.
O'Reilly disse que o rápido
cancelamento do Kin pode
demonstrar que a Microsoft
enfim percebeu a profundidade de sua crise no que tange a atrair a atenção dos consumidores comuns e das audiências mais jovens.
"Eles engordaram e se tornaram complacentes, mas
agora estão despertando e
percebendo uma situação
competitiva muito diferente", afirma O'Reilly.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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