São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2010

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Microsoft cancela o celular Kin dois meses após o lançamento

Foram vendidas menos de 10 mil unidades do produto, que recebeu ênfase nas redes sociais

Para técnico da área, esse fracasso mostra a dificuldade da empresa em entender o que deseja o público jovem

ASHLEE VANCE
DO "NEW YORK TIMES"

Os engenheiros e executivos da Microsoft passaram dois anos trabalhando para criar uma nova linha de celulares inteligentes com nomes que pareciam saídos do clássico infantil "The Cat in the Hat": Kin One e Kin Two.
Com design elegante, ênfase nos recursos de redes sociais e uma campanha de marketing dispendiosa, os novos modelos tinham por objetivo provar que a Microsoft era capaz de produzir o celular certo para o mais difícil dos públicos: os jovens usuários habituados a usar tecnologia avançada.
Mas, na semana passada, menos de dois meses depois que o Kin chegou às lojas, a Microsoft anunciou que cancelaria sua produção. Menos de 10 mil unidades do Kin foram vendidas.
"É um recorde de velocidade em termos de cancelamento de produto, até onde sei", disse Michael Cronan, designer que trabalhou no conceito das marcas Kindle, para a Amazon, e TiVo.

FALTA DE SINTONIA
O fracasso do Kin reflete, especialmente, a dificuldade da Microsoft para oferecer aquilo que a geração mais jovem de consumidores obcecados por tecnologia deseja.
Quando o tema são aparelhos eletrônicos, os criadores de programas transferiram suas atenções a plataformas da Apple e do Google.
Enquanto isso, as jovens empresas de tecnologia preferem usar software de negócios gratuito e de fonte aberta, em lugar dos produtos da Microsoft, de modo que os jovens universitários que em breve estarão em busca de empregos também adotaram o software de fonte aberta.
"A Microsoft está totalmente fora do quadro para os programadores mais modernos e mais antenados de software", diz Tim O'Reilly, editor de uma linha bem-sucedida de manuais de desenvolvimento de software.
"E em larga medida está sendo ignorada também pelos programadores médios."

INVESTIDA
Em 2008, a Microsoft adquiriu a Danger, uma empresa iniciante que havia criado software muito popular para celulares, com a esperança de que essa tecnologia rejuvenescesse sua divisão de software para celulares.
Mas a empresa enfrentou percalços por demorar mais que o esperado a criar novos produtos com a tecnologia.
O Google também adquiriu uma empresa iniciante, a Android. Tanto a Android quanto a Danger tinham Andy Rubin entre seus co-fundadores, mas ele foi trabalhar para o Google.
Depois da aquisição, o Google fez do software Android a fundação de um império em rápido crescimento na telefonia móvel, com operadoras de todo o mundo lançando produtos baseados nessa tecnologia.
Já a Microsoft transferiu a equipe que desenvolveu o Kin para que passe a trabalhar no Windows Phone 7, outra plataforma de telefonia móvel a ser lançada pelo final deste ano.
O'Reilly disse que o rápido cancelamento do Kin pode demonstrar que a Microsoft enfim percebeu a profundidade de sua crise no que tange a atrair a atenção dos consumidores comuns e das audiências mais jovens.
"Eles engordaram e se tornaram complacentes, mas agora estão despertando e percebendo uma situação competitiva muito diferente", afirma O'Reilly.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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