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Poupança é a menor entre os emergentes
Brasil poupa 15% do PIB, contra 54,5% da China e 31,4% da Índia
Capacidade de financiar investimentos é baixa; sem poupança, cresce dependência de recurso externo para privados
DE SÃO PAULO
Os gastos excessivos do setor público contribuem para
que o Brasil divida com a Turquia o posto de país emergente com a menor taxa de
poupança doméstica.
A poupança de um país
engloba recursos que, em vez
de serem destinados ao consumo, são economizados. Na
conta, entram tanto governo
como empresas e famílias.
Segundo dados da consultoria Economist Intelligence
Unit (EIU), Brasil e Turquia tinham taxas de poupança doméstica próximas a 15% do
PIB (Produto Interno Bruto)
em 2009, a menor entre 24
mercados emergentes.
O percentual baixo contrasta com números de
54,5% da China, 31,4% da Índia, 24% da Argentina e
21,7% do México.
País que poupa pouco tem
baixa capacidade de financiar investimentos. Se há disposição do setor privado para investir muito, os recursos
precisam vir de fora.
É exatamente o que vem
ocorrendo no Brasil, onde os
investimentos produtivos
das empresas têm aumentado, nos últimos anos, em um
ambiente de forte consumo
do governo e das famílias.
A consequência da baixa
poupança doméstica tem sido deficit crescentes nas chamadas transações correntes
do país com o exterior.
Depois de registrar superavit em conta corrente entre
2003 e 2007, o Brasil voltou a
apresentar deficit em 2008.
Os deficit em conta corrente
do país acumulados em 12
meses têm crescido de forma
consecutiva nos últimos dez
meses, alcançando 2,24% do
PIB em julho.
Robert Wood, analista sênior da EIU, diz que as reformas feitas na última década
para aumentar a estabilidade
econômica e desenvolver os
mercados de capitais criaram
um melhor ambiente para
que as famílias brasileiras
pudessem poupar parte de
sua renda.
"Mas o fato de que a poupança doméstica permanece
tão baixa sugere que fatores
inerciais, como temor de volta da inflação ou de confiscos, e culturais, como a baixa
propensão para poupar, talvez continuem sendo determinantes", diz Wood.
SETOR PÚBLICO
Além disso, o setor público
continua gastando muito
mais do que arrecada: o deficit nominal alcançou 3,36%
do PIB nos 12 meses terminados em julho passado contra,
respectivamente, 3,23% e
2,23% no mesmo período de
2009 e 2008.
Economistas projetam que
o deficit em conta corrente
continuará aumentando.
Mas se perguntam sobre até
que ponto investidores de fora estarão dispostos a financiá-lo, pois a fatia do deficit
coberta por capital de curto
prazo (que pode deixar o país
da noite para o dia) aumentou significativamente.
(EF)
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