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Dinamarca reduz pagamento de salário-desemprego
País encontra dificuldades para manter estado de bem-estar social; ingerência estatal também é problema em outros países
LIZ ALDERMAN
DO "NEW YORK TIMES", EM COPENHAGUE
Por quanto tempo deveriam se estender os pagamentos de salário-desemprego? Enquanto a duração dos
benefícios se expande na
maior parte dos países, a
questão se torna controversa
para os governos.
Durante muitos anos, a Dinamarca, foi vista como país
exemplo. Os dinamarqueses,
mesmo com sua providência
social extensa, conseguiam
manter um índice de desemprego muito baixo.
Mas agora o país, que não
restringe as práticas de contratação e demissão porque
confia em um sistema de treinamento, pagamentos aos
desempregados e medidas
para forçá-los a aceitar as vagas disponíveis, está começando a enfrentar dificuldades. E vai adotar um sistema
mais duro.
O governo reduziu em junho seus benefícios, os mais
generosos do mundo, ao limitar os pagamentos de salário-desemprego a dois anos.
Ao descobrir que os beneficiários arrumam emprego
logo ou aceitam qualquer
posto quando cessa o pagamento, as autoridades estão
se esforçando para diminuir
a dependência do benefício.
"Quanto mais tempo a
pessoa ficar sem trabalho,
mais difícil será conseguir
um", disse Claus Frederiksen, ministro das Finanças.
"Quatro anos de desemprego
é um luxo que já não podemos nos conceder."
Nos Estados Unidos, onde
o Senado aprovou um projeto que estende o seguro-desemprego, aumentou o debate entre os que acham o benefício necessário e aqueles
que alegam que desencoraja
a busca de emprego.
Há problemas parecidos
em países europeus endividados que poderiam se beneficiar, segundo economistas,
com a adoção de partes do
sistema de "segurança flexível" da Dinamarca.
A recessão mundial expôs
pontos fracos desse sistema,
e há esforços para achar um
novo ponto de equilíbrio.
Não que a Dinamarca esteja
abandonando seu estado de
bem-estar social.
Os gastos do governo são
cerca de metad,e do PIB (Produto Interno Bruto), e poucos
se queixam de alíquotas de
imposto que chegam aos
50% e ajudam a financiar,
por exemplo, aposentadorias
e saúde. Mas sustentar esse
Estado benevolente está se
provando um desafio.
"Não é surpresa que o governo diga que programas
que oferecem tratamento luxuoso aos cidadãos precisarão ser podados", diz Iain
Begg, professor na London
School of Economics. "Eles
buscarão devolver pessoas
ao mercado de trabalho, a
custo inferior".
Na Dinamarca, os demitidos têm garantido cerca de
80% de seu salário anterior,
mas precisam integrar programas de treinamento e de
recolocação.
Com menos oferta de empregos, o governo, maior empregador, se viu forçado a
criar empregos temporários.
O desemprego atual é de
4,2%, inferior ao da média
europeia, mas mais que o dobro do que há dois anos.
Como em alguns outros
países europeus, empregadores aderiram à redução na
jornada de trabalho.
Os políticos dinamarqueses afirmam que o programa
está indo bem. Já os sindicatos dizem que os cortes são
exagerados, e querem pressionar as empresas a alongar
o período de aviso prévio.
Os líderes empresariais temem que isso leve a Dinamarca na direção de sistemas
rígidos, nos quais a demissão
pode demorar até um ano.
A enfermeira Inger
Skouby, 58, passou por um
ciclo de emprego e desemprego por quatro anos, depois que adoeceu.
Tirou um ano de licença
paga pelo Estado, ganhou salário-desemprego e fez um
treinamento em tecnologia
da informação. Quando voltou a ficar desempregada, ela
foi colocada como secretária,
até surgir outra oportunidade melhor.
Muitas outras pessoas
mencionaram que foram forçadas a aceitar trabalhos humildes ou pró-forma.
Para melhorar seu programa de ativação de emprego,
o governo terceirizou parte
do trabalho para empresas
que recebem bonificações
por colocação.
Da perspectiva de Frederiksen, ministro das Finanças, o país está preparando o
terreno ao alterar suas políticas. "Esperamos estar fora da
crise em dois anos."
TRADUÇÃO DE PAULO MIGLIACCI
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