São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2010

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Cepal diz que Brasil sozinho não contém real

MÁRIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA

A guerra cambial só pode ser superada com uma negociação multilateral, em acordo que traga à mesa de discussão EUA e China, diz o chefe da seção de estudos de desenvolvimento da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), Daniel Titelman.
Ele elogiou as medidas do governo brasileiro para evitar a valorização do real, processo que reduz a competitividade das exportações. Contudo, afirma que a entrada de capital externo é realidade das principais economias em desenvolvimento. Titelman alerta: sozinho, o Brasil não vencerá a guerra cambial.
"Os EUA seguem com uma política expansiva, inundando o mercado com liquidez, buscando favorecer as exportações para se recuperarem da crise. Isso gera um problema, porque parte dessa liquidez sai, e países como o Brasil acabam recebendo um tsunami de recursos externos", afirmou Titelman.
Para ele, há pouco que o governo federal possa fazer. "O Brasil não podia assistir à valorização cambial forte que estava ocorrendo, e as ações estão no caminho certo, pois tinha de buscar delimitar a entrada de capital de curto prazo", ressaltou.
"Mas, sem um acordo global, pode ocorrer um processo de contração no mundo."

JUROS ALTOS
Embora o Brasil seja bastante atrativo para o capital estrangeiro em parte por conta dos elevados juros básicos da economia, Titelman também evitou qualquer crítica à política monetária brasileira.
Juros altos permitem a atuação de investidores interessados em arbitragem de taxas (na qual tomam dinheiro a juros baixos em outros países e investem em nações com taxas mais elevadas para auferir lucros).
"A taxa de juros não pode refletir só as preocupações com a questão cambial, pois ela analisa a demanda interna. E, como os juros em nações desenvolvidas estão perto de zero, não há muito o que fazer", disse ele.
Para a Cepal, se cada país tentar resolver unicamente seu problema interno, a guerra cambial continuará.
"Temos esperança de um acordo agora para a reunião do G20, ou ao menos as bases para um acerto, no qual os países entendem a necessidade de impor um limite para os desequilíbrios nas contas externas", afirmou.


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