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Cepal diz que Brasil sozinho não contém real
MÁRIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA
A guerra cambial só pode
ser superada com uma negociação multilateral, em acordo que traga à mesa de discussão EUA e China, diz o
chefe da seção de estudos de
desenvolvimento da Cepal
(Comissão Econômica para a
América Latina e o Caribe),
Daniel Titelman.
Ele elogiou as medidas do
governo brasileiro para evitar a valorização do real, processo que reduz a competitividade das exportações. Contudo, afirma que a entrada de
capital externo é realidade
das principais economias em
desenvolvimento. Titelman
alerta: sozinho, o Brasil não
vencerá a guerra cambial.
"Os EUA seguem com uma
política expansiva, inundando o mercado com liquidez,
buscando favorecer as exportações para se recuperarem
da crise. Isso gera um problema, porque parte dessa liquidez sai, e países como o Brasil acabam recebendo um
tsunami de recursos externos", afirmou Titelman.
Para ele, há pouco que o
governo federal possa fazer.
"O Brasil não podia assistir à
valorização cambial forte
que estava ocorrendo, e as
ações estão no caminho certo, pois tinha de buscar delimitar a entrada de capital de
curto prazo", ressaltou.
"Mas, sem um acordo global, pode ocorrer um processo de contração no mundo."
JUROS ALTOS
Embora o Brasil seja bastante atrativo para o capital
estrangeiro em parte por conta dos elevados juros básicos
da economia, Titelman também evitou qualquer crítica à
política monetária brasileira.
Juros altos permitem a
atuação de investidores interessados em arbitragem de
taxas (na qual tomam dinheiro a juros baixos em outros
países e investem em nações
com taxas mais elevadas para auferir lucros).
"A taxa de juros não pode
refletir só as preocupações
com a questão cambial, pois
ela analisa a demanda interna. E, como os juros em nações desenvolvidas estão
perto de zero, não há muito o
que fazer", disse ele.
Para a Cepal, se cada país
tentar resolver unicamente
seu problema interno, a
guerra cambial continuará.
"Temos esperança de um
acordo agora para a reunião
do G20, ou ao menos as bases
para um acerto, no qual os
países entendem a necessidade de impor um limite para
os desequilíbrios nas contas
externas", afirmou.
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