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BNDES investiu em fusões e aquisições
Volume liberado foi de quase R$ 16 bilhões; a principal operação foi a formação da operadora de telefonia Oi
Críticos queixam-se que falta uma exposição mais transparente das justificativas para as escolhas do órgão
DE SÃO PAULO
Criado com a missão de financiar investimentos produtivos como a aquisição de
máquinas e a construção de
fábricas, o BNDES liberou
quase R$ 16 bilhões desde
2008 para apoiar fusões e
aquisições de empresas, conforme a análise feita pela Folha com base nas operações
divulgadas pela instituição.
Essas transações são um
alvo preferencial dos críticos
do banco, que se queixam da
falta de uma exposição mais
clara pelo BNDES das razões
que poderiam justificar as
escolhas que têm sido feitas.
"Ninguém é contra a existência do banco e o governo
tem o direito de fazer escolhas", afirma o economista
Armando Castelar, da Gávea
Investimentos. "Mas a sociedade paga por isso e tem o
direito de saber como esse
dinheiro é gasto e que resultados foram alcançados."
A principal operação
apoiada pelo BNDES foi a
formação da operadora de
telefonia Oi, controlada pela
construtora Andrade Gutierrez e pelo grupo La Fonte, do
empresário Carlos Jereissati.
A instituição entrou com
R$ 2,5 bilhões para viabilizar
o negócio e depois emprestou mais R$ 5 bilhões para financiar o plano de investimentos da nova companhia.
O banco tornou-se sócio
da operadora e poderá se ver
obrigado a desembolsar
mais dinheiro em breve se
quiser manter intacta sua
participação na empresa no
aumento de capital que será
feito após a entrada da Portugal Telecom no grupo,
anunciada há uma semana.
O BNDES também tem
exercido um papel decisivo
no processo de consolidação
liderado pelos frigoríficos
JBS e Marfrig, financiando
várias aquisições que as
duas companhias fizeram no
Brasil e no exterior. De 2008
para cá, eles receberam
R$ 5,8 bilhões da instituição,
que virou sócia de ambos.
O dinheiro do banco está
ajudando as duas empresas
a conquistar mercados nos
Estados Unidos e em outros
países, mas empresas menores e criadores de gado sentem-se espremidos no meio
de grupos tão poderosos.
A entrada do banco no setor de carnes também gerou
embaraços. O frigorífico Independência, que recebeu
um aporte de R$ 250 milhões
do BNDES em 2008, quebrou
meses depois e desde 2009
está em processo de recuperação judicial.
Para o banco, casos como
o do Independência deveriam ser vistos como exceções. "O banco é administrado de forma prudente, como
demonstram seus resultados
positivos e a baixíssima inadimplência de sua carteira",
diz o diretor de planejamento do BNDES, João Carlos
Ferraz.
(RICARDO BALTHAZAR)
Colaborou GRAZIELLE SCHNEIDER,
de São Paulo
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