São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

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BNDES investiu em fusões e aquisições

Volume liberado foi de quase R$ 16 bilhões; a principal operação foi a formação da operadora de telefonia Oi

Críticos queixam-se que falta uma exposição mais transparente das justificativas para as escolhas do órgão

DE SÃO PAULO

Criado com a missão de financiar investimentos produtivos como a aquisição de máquinas e a construção de fábricas, o BNDES liberou quase R$ 16 bilhões desde 2008 para apoiar fusões e aquisições de empresas, conforme a análise feita pela Folha com base nas operações divulgadas pela instituição.
Essas transações são um alvo preferencial dos críticos do banco, que se queixam da falta de uma exposição mais clara pelo BNDES das razões que poderiam justificar as escolhas que têm sido feitas.
"Ninguém é contra a existência do banco e o governo tem o direito de fazer escolhas", afirma o economista Armando Castelar, da Gávea Investimentos. "Mas a sociedade paga por isso e tem o direito de saber como esse dinheiro é gasto e que resultados foram alcançados."
A principal operação apoiada pelo BNDES foi a formação da operadora de telefonia Oi, controlada pela construtora Andrade Gutierrez e pelo grupo La Fonte, do empresário Carlos Jereissati.
A instituição entrou com R$ 2,5 bilhões para viabilizar o negócio e depois emprestou mais R$ 5 bilhões para financiar o plano de investimentos da nova companhia.
O banco tornou-se sócio da operadora e poderá se ver obrigado a desembolsar mais dinheiro em breve se quiser manter intacta sua participação na empresa no aumento de capital que será feito após a entrada da Portugal Telecom no grupo, anunciada há uma semana.
O BNDES também tem exercido um papel decisivo no processo de consolidação liderado pelos frigoríficos JBS e Marfrig, financiando várias aquisições que as duas companhias fizeram no Brasil e no exterior. De 2008 para cá, eles receberam R$ 5,8 bilhões da instituição, que virou sócia de ambos.
O dinheiro do banco está ajudando as duas empresas a conquistar mercados nos Estados Unidos e em outros países, mas empresas menores e criadores de gado sentem-se espremidos no meio de grupos tão poderosos.
A entrada do banco no setor de carnes também gerou embaraços. O frigorífico Independência, que recebeu um aporte de R$ 250 milhões do BNDES em 2008, quebrou meses depois e desde 2009 está em processo de recuperação judicial.
Para o banco, casos como o do Independência deveriam ser vistos como exceções. "O banco é administrado de forma prudente, como demonstram seus resultados positivos e a baixíssima inadimplência de sua carteira", diz o diretor de planejamento do BNDES, João Carlos Ferraz. (RICARDO BALTHAZAR)


Colaborou GRAZIELLE SCHNEIDER, de São Paulo


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