|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Dilma herdará Brasil no G10 do FMI
Com mudança no número de cotas, país saltará do 14º para o 10º lugar e terá mais poder nas decisões do Fundo
Decisão será adotada na sexta, na cúpula do grupo, mas só entrará em vigor em 2012, no 2º ano do governo Dilma
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
O presidente Lula legará a
Dilma Rousseff não apenas a
sua cadeira no Palácio do
Planalto mas também um
posto mais relevante no jogo
mundial do poder econômico: o Brasil entrará no que
pode ser batizado de G10, ou
seja, os dez países com mais
cotas e, portanto, mais poder
no FMI (Fundo Monetário Internacional).
A mudança de cotas foi
aprovada no mês passado,
em reunião dos ministros de
Economia e presidentes de
bancos centrais do G20, e será sacramentada na sexta-feira, na cúpula do grupo.
Mas só entrará em vigor em
2012, ou seja, no segundo
ano do governo Dilma.
O Brasil saltou do 14º lugar, com 1,78% das cotas, para o 10º, com 2,32% -um
avanço, portanto, de 30%,
bastante significativo. Mas o
grande salto, previsivelmente, foi o da China, que viu seu
poder no fundo aumentar
mais de 50%, passando do 6º
para o 3º lugar, com 6,39%
das cotas [ver quadro].
A mudança foi festejada
por todos, exceto os países
europeus que perderam poder, e apresentada como um
novo e mais acurado equilíbrio de poder na economia
mundial.
De fato, o poder no FMI ficou em mãos do antigo G7
(Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá, que ocupa o 11º lugar) mais os chamados Bric (Brasil, Rússia,
Índia e China).
"A nova posição do Brasil
está mais de acordo com sua
participação na economia
mundial", diz o embaixador
Marcos Galvão, o principal
negociador técnico do país
no G20 e que, no mês que
vem, assume a embaixada
em Tóquio.
O Brasil é a 9ª economia
mundial, se medida em paridade do poder de compra,
que leva em conta os preços
internos, o que é perfeitamente compatível com seu
10º lugar no Fundo.
Mas o reequilíbrio de poder está longe de ser perfeito:
por mais que os Bric avancem e os Estados Unidos patinem, Washington continua
com poder de veto.
As regras do Fundo determinam que qualquer decisão
precisa de 85% dos votos de
países-membros para ser
adotada. Os EUA, sozinhos,
têm 17,41%, o que lhes permite impedir os 85%.
SOB NOVA DIREÇÃO
De todo modo, a mudança
no poder ficou ainda mais relevante com o papel reforçado que o G20 está atribuindo
ao Fundo. A instituição está
incumbida, por exemplo, de
avaliar o impacto em outros
países de políticas de "economias sistêmicas", conforme o comunicado do mês
passado dos ministros e presidentes de BCs.
Traduzindo: ao Fundo sob
nova direção caberá, por
exemplo, verificar o custo,
para outros países, da polêmica decisão, adotada pelo
governo Obama na semana
passada, de irrigar a sua economia com US$ 600 bilhões,
nos próximos oito meses.
Decisão que reacendeu o
que o ministro Guido Mantega batizou de "guerra cambial", item que tende a ser o
ponto central da cúpula do
G20, de que Dilma e Lula participam quinta e sexta-feira.
Ontem à noite (na Coreia,
manhã no Brasil), os negociadores começaram a alinhavar o documento final.
Mas o fizeram pela parte
fácil: discutiram o acordo batizado de Basileia 3, ou seja,
as novas regras para o funcionamento do sistema financeiro, aprovadas no âmbito do BIS (Banco de Compensações Internacionais,
uma espécie de BC dos bancos centrais, cuja sede é na
cidade suíça de Basileia).
São regras nascidas por
determinação da primeira
cúpula do G20, há dois anos,
e que não enfrentam resistências entre os países-membros. Os bancos é que não estão satisfeitos com elas.
A chamada "guerra cambial" será discutida mais
adiante, mas a expectativa é
que, ao contrário do habitual
em cúpulas, os próprios chefes de governo é que fornecerão as indicações para essa
parte do documento final.
FOLHA.com
Leia coluna de Clóvis Rossi
folha.com.br/pr827121
Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Obama cutuca a China Próximo Texto: Bird sugere padrão-ouro, e preço sobe Índice | Comunicar Erros
|