São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

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Inflação se espalha e coloca meta em risco

Mais produtos têm alta e aumentos são mais intensos; IPCA sobe 0,83% em janeiro

PEDRO SOARES
DO RIO

O ano de 2011 começou com inflação mais alta, um número maior de itens com aumento de preço, uma tendência à aceleração do consumo e a consequente pressão sobre variados produtos e serviços -de colégios a cabeleireiros e alimentos.
Todos esses fatores, juntos, já levaram o Banco Central a subir a taxa básica de juros, que provavelmente terá, ao menos, mais duas rodadas de elevação.
Ainda assim, especialistas acreditam que a autoridade monetária não trará a inflação para o centro da meta (4,5%) neste ano e o IPCA fechará próximo a 6% -ficou em 5,90% em 2010.
Em janeiro, o índice atingiu 0,83%. O resultado acendeu o sinal vermelho entre economistas. Eles viram uma forte puxada dos chamados núcleos -criados para medir mais precisamente a tendência da inflação, pois excluem altas e quedas mais intensas e itens muito voláteis, como os alimentos.
A média desses núcleos subiu de 0,62% em dezembro para 0,70% em janeiro, segundo cálculos da LCA Consultores. Adicionalmente, mais produtos registraram avanços e o índice de dispersão passou de 62% em dezembro para 69% em janeiro, o mais alto desde junho de 2008.
"Janeiro teve uma inflação muito forte, acima do padrão sazonal de alta no começo do ano", diz Laura Haralyi, do Itaú Unibanco.
Entre as causas, avalia Haralyi, estão o aquecimento da economia, a inflação maior em 2010 (que pauta preços administrados reajustados agora e ao longo de 2011) e a restrição de mão de obra. Para a economista, a "novidade" de janeiro é que, além de mais numerosos, os aumentos ficaram mais intensos.

MODERAÇÃO EM MARÇO
Fábio Romão, economista da LCA, acredita que a inflação neste ano, embora elevada, tenderá a ceder a partir de março, passada a fase de aumento de ônibus em janeiro e colégios em fevereiro.
Romão pondera que não se trata de "uma tendência de espalhamento da inflação", pois mais produtos sobem historicamente nos primeiros meses do ano em razão de uma série de reajustes programados.
Se os vilões no ano passado foram os alimentos, neste ano são os serviços que devem liderar a pressão sobre o IPCA. Haralyi diz que esse grupo vai estar à frente em 2011 por conta do aquecimento do consumo e da alta de custos proporcionada pela inflação maior de 2010.


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