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Para Cabral, emenda dos royalties é "covarde"
Governador diz que Dilma participou de compromisso de evitar mudança
Para especialista, projeto poderá ser contestado na Justiça se não preservar direitos de Estados produtores
SAMANTHA LIMA
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), classificou a emenda que muda a
distribuição dos royalties de
"covarde" e "demagógica".
"É um absurdo, uma covardia com o Rio de Janeiro.
Lula me garantiu que o que
vale é o acordado, que a mudança só se aplicará às áreas
a serem licitadas", disse.
Para o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung,
também do PMDB, o veto de
Lula vai "reequilibrar a discussão e restabelecer o acordo de tratar do tema somente
após as eleições" -com o
que Cabral também conta.
Segundo Cabral, no ano
passado o Estado e os municípios fluminenses receberam R$ 7,5 bilhões em royalties e participações especiais
em 2009.
Os dois governadores atribuem ao calendário eleitoral
a decisão do correligionário
Pedro Simon (PMDB-RS) de
inserir a emenda no projeto
que muda o regime de produção de petróleo.
Demonstrando exaltação,
Cabral lembrou que a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, estava
presente à reunião em que
Lula havia se comprometido
com os dois governadores a
impedir mudança nos royalties para as áreas já licitadas,
em agosto de 2009. Integrante da base aliada do PT no governo, o PMDB apoiará Dilma nas próximas eleições.
Depois de citar Dilma, Cabral afirmou, sem mencionar
nomes, que a aprovação da
emenda foi manobra para
angariar apoio de parlamentares na aprovação do projeto de capitalização da Petrobras -interesse do governo.
A companhia dependia
dessa medida para conseguir
captar até US$ 50 bilhões no
mercado acionário. Dilma foi
presidente do conselho da
empresa até março.
Dizendo-se decepcionado
com o que classificou de falta
de "solidariedade" por parte
do PMDB na questão, Cabral
afirmou que não comparecerá à convenção do partido,
no próximo sábado.
Afirmou, ainda, que seria
obrigado a suspender pedidos de reajustes dos servidores, encaminhados na terça-feira à Assembleia Legislativa. "Peço desculpas aos nossos servidores. Meu compromisso é que após esse pesadelo os projetos voltem."
CONSTITUIÇÃO
Para Hartung, a "riqueza
do pré-sal" deve ser partilhada com Estados e municípios
não produtores. A Constituição, porém, assegura, de
acordo com ele, uma "participação ou compensação"
aos produtores.
Essa garantia constitucional pode ser alvo de contestações judiciais. Para Isnard
Marshall, coordenador do
MBA de negócios em petróleo e gás da Fundação Getulio Vargas, a mudança das regras de distribuição poderia
ser aceita desde que fosse
preservado o privilégio na
distribuição a municípios e
Estados produtores, conforme a Constituição.
"Se não o mantém [o privilégio], a emenda é inconstitucional." Mudanças para
áreas já licitadas não poderiam ser cogitadas, segundo
Marshall, "sob pena de se
criar insegurança jurídica".
Marshall lembra, ainda,
que a compensação das perdas pela União seria irregular
porque afronta a Lei de Responsabilidade Fiscal.
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