São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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Há indício de crime no banco, afirma BC

Segundo a fiscalização, carteiras de crédito vendidas a outras instituições continuavam contabilizadas no balanço

Além disso, há indícios de que a mesma carteira foi vendida mais de uma vez; problema teria ocorrido durante 4 anos

DE BRASÍLIA

O Banco Central tem indícios de que houve crime nos problemas contábeis de R$ 2,5 bilhões envolvendo o balanço do PanAmericano.
O diretor de Fiscalização do BC, Alvir Hoffmann, afirmou que "tudo indica que a investigação vai redundar em algo para o Ministério Público", em referência à Lei do Colarinho Branco, que obriga o BC a informar ao MP sempre que encontrar indícios de infrações cometidas por instituições financeiras.
Além de contabilizar no seu balanço carteiras de crédito já vendidas para outros bancos, alguns desses negócios foram registrados com valores incorretos pelo PanAmericano, segundo o BC.
Há também sinais de que a mesma carteira tenha sido vendida mais de uma vez. Em ambos os casos, o resultado era um balanço que errava para cima o real valor dos ativos do banco.
Apesar dos indícios, Hoffmann disse que ainda não é possível dizer com certeza se o erro foi intencional e qual a motivação dos envolvidos.
A instituição considera ser possível que o problema na contabilidade tenha tido início há quatro anos, data em que o PanAmericano começou o processo de venda de carteiras de crédito.
Além de investigar operadores do banco, o BC verificará se auditores externos fizeram o cruzamento com dados de outras instituições que negociavam com o PanAmericano.

"QUEM PERDE É O DONO"
No caso de quebra do banco, segundo ele, o prejuízo recairia também sobre os demais sócios, incluindo a Caixa, e sobre credores, principalmente fundos de investimento e de pensão e outros bancos que possuem depósitos financeiros e obrigações nas cessões de crédito.
Da forma como foi feita a operação, segundo Hoffmann, "o único que perde é o dono do banco".
Na visão de dentro do BC, o órgão agiu "a tempo e a hora" do ponto de vista do contribuintes. Se tivesse aprovado antes a constituição do novo conselho do banco antes, teria transferido as obrigações para a Caixa.
O diretor afirmou que não há evidência de problemas da mesma espécie nos demais bancos, mas que o BC pode rever normas de fiscalização para ajudar a prevenir novas fraudes desse tipo.
"Isso vai levar a um estudo interno para ver se a forma como os bancos negociam pode ser melhorada para evitar essa possibilidade."
O BC disse ainda que não havia iniciado essa verificação quando aprovou a venda de parte do banco para a Caixa e que, por questões de sigilo, não poderia alertar a instituição sobre o problema.


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