São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2010

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Economistas veem risco de nova fase de crise global

Analistas questionam capacidade de recuperação de EUA e Europa

No Brasil, economistas dizem que impacto da crise global é atenuado pelo forte crescimento interno em 2010

TONI SCIARRETTA
MARIANA SCHREIBER

DE SÃO PAULO

Economistas do mercado de capitais têm dúvidas sobre o risco de o mundo cair em uma nova fase da crise.
As dúvidas agora dizem respeito à capacidade de recuperação dos EUA, à falta de fôlego da maioria dos países em implementar mais medidas de ajuda e às dificuldades para a China manter um ritmo vigoroso de avanço, que alimenta a alta de países como o Brasil.
O diretor do Centro de Economia Mundial da FGV, Carlos Langoni, não vê risco de uma nova recessão mundial ou nos países desenvolvidos. Ele observa que praticamente todos os países industrializados estão crescendo, embora em patamares baixos.
"Toda saída de uma recessão é tortuosa. A recuperação está mais lenta do que o esperado, mas não acredito num duplo mergulho", disse.
O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, considera que uma nova recessão não é o cenário mais provável. No entanto, esse temor cresceu após a divulgação de indicadores fracos de produção industrial e de vendas do varejo.
"A desaceleração da economia chinesa já era esperada devido às medidas anti-inflacionárias. Num contexto de deterioração da recuperação dos países desenvolvidos, faz aumentar a preocupação com nova recessão."
Na avaliação do Santander, a derrocada ontem se deve ao tom do comunicado do Fed [BC dos EUA], mais pessimista do que o anterior. "O Fed evitará contrair os recursos já injetados na economia, o que não significa colocação de mais dinheiro", afirmou.
No Brasil, o pessimismo foi atenuado ontem pelas perspectivas de forte crescimento da economia, especialmente do consumo interno.
"O crescimento brasileiro deste ano está garantido. Em 2011, deve cair para cerca de 5%, dependendo do cenário externo", disse Langoni.
Segundo Campos Neto, o mais preocupante é que muitos países não têm fôlego para novas medidas de estímulo. "Restou ao Fed recomprar títulos para injetar liquidez no mercado, mas nada garante que isso vai virar investimento e consumo."
Para Mirian Tavares, diretora da AGK Corretora, o comunicado do Fed deixou clara a necessidade de mais estímulos monetários para incentivar a atividade econômica. "Essa desaceleração é saudável e positiva, uma vez que evita a formação de bolhas e desequilíbrios", disse.


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