São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2010

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América Latina lidera melhora em notas da dívida

Seis países da região tiveram aumentos na nota da Moody's em 2010, o que significa menor risco de calote

Noah Friedman-Rudovsky/Bloomberg
Maior reserva do mundo de lítio, necessário para baterias, sob pilhas de sal em Uyuni, na Bolívia; país andino deve ter sua nota elevada pela Moody's

ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

A América Latina é a região que mais recebeu aumentos nas notas das dívidas de seus governos ("upgrades" em inglês) pela agência de classificação Moody's neste ano. Quanto maior a nota de um país, menor o risco de calote, segundo as agências.
Até o fim de julho, a região contabilizava seis aumentos de notas soberanas e nenhum rebaixamento ("downgrade" em inglês), segundo relatório da agência. É o melhor balanço entre "upgrades" e "downgrades" da história da América Latina, segundo a Moody's.
Sete nações da região tiveram notas aumentadas pela Moody's em 2009, entre elas o Brasil, que atingiu o chamado "grau de investimento" (que indica baixa probabilidade de calote). Mas as notas de outros quatro países da América Latina foram rebaixadas no ano passado.
Jamaica, Nicarágua, Guatemala, República Dominicana, Panamá e Chile foram os países que receberam "upgrades" em 2010.
Nos dois primeiros casos, as notas permanecem, no entanto, em níveis baixos (os investimentos nas dívidas desses países são, portanto, considerados de alto risco) devido a persistentes problemas estruturais.

SEM RECESSÃO
República Dominicana, Panamá e Chile são casos de forte desempenho econômico. Os dois primeiros países não somente tiveram taxas de crescimento asiáticas (entre 7% e até mais de 10%) nos anos anteriores à crise global como nem sequer mergulharam em recessão em 2009.
O Chile é considerado o país com o melhor conjunto de políticas econômicas da região. A forte recuperação de sua economia depois da crise de 2009 e do devastador terremoto de fevereiro tem surpreendido economistas.
Mesmo com os bons resultados em 2010, a América Latina como um todo continua exibindo a menor nota média soberana de todas as regiões acompanhadas pela Moody's (Ba2, ante Baa2 para a média mundial).
Isso mostra que a região está apenas se recuperando diante de outras partes do mundo depois de duas décadas consideradas perdidas em termos de desempenho econômico (os anos 1980 e 1990).
Mas, graças a uma combinação de sorte (sinônimo, nesse caso, de forte demanda da China pelas commodities exportadas por boa parte da região) e políticas econômicas prudentes que levaram a melhoria significativa dos indicadores de solvência dos países da região, as perspectivas para a América Latina continuam positivas.
Segundo a Moody's, as notas de três outros países latino-americanos (Bolívia, Paraguai e Uruguai) já estão em processo de revisão para serem aumentadas, o que tende a ocorrer ao longo do próximo trimestre.
A Moody's também ressalta que, embora permaneçam com perspectiva estável para suas notas soberanas, Argentina e Colômbia têm apresentado melhorias em suas condições econômicas.
No caso da Argentina, a agência cita os recentes esforços bem-sucedidos do governo de Cristina Kirchner para entrar em acordo com detentores de títulos da dívida do país que declarou default em 2002.


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