São Paulo, quarta-feira, 12 de outubro de 2011

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VAIVÉM

MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br

Oferta de trigo de qualidade ainda é pequena

A triticultura brasileira avança na busca da qualidade do trigo, mas a oferta de matéria-prima ainda é pequena em relação ao que o país necessita. Se falta produto próprio para a produção do pão francês, sobra o cereal destinado à produção de biscoitos, com menos glúten.
Neste ano, as exportações desse tipo de trigo já somam 2,34 milhões de toneladas, 107% mais do que em igual período de 2010. A busca da qualidade avança, mas "é um progresso que caminha devagar", avalia Reino Pecala Rae, consultor da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria de Trigo).
Esse avanço de produção depende da busca por novas variedades e da conscientização do produtor quanto à necessidade de ter um trigo de qualidade e que garanta melhor remuneração. Até o início dos anos 1990, o setor era controlado pelo governo e a preocupação dos produtores era produzir quantidade por hectare, e não qualidade, diz Rae.
Com a saída do governo, as negociações passaram a ser diretas com os moinhos, que exigem mais qualidade do produto. O processo, no entanto, é demorado. Além da necessidade de conscientização do produtor sobre as diversas variedades do cereal e suas utilidades, os "melhoristas" (os que desenvolvem novas variedades) devem aumentar as opções para os triticultores.
Uma nova variedade de trigo só começa a produzir comercialmente no campo após 12 anos. É necessário o plantio por sete anos para a fixação das características da variedade, mais tempo de experimentos e de reprodução de sementes, diz Rae.
Algumas regiões de São Paulo e do Paraná já produzem trigo de padrão internacional, mas o volume é pequeno. Por isso, o país deve continuar produzindo o trigo para biscoitos, mas garantir comercialização para o produto e renda para o produtor. A cadeia de trigo estará reunida no Rio de Janeiro na próxima semana em um congresso da Abitrigo para discutir o setor. A qualidade, com certeza, será motivo de discussões, segundo Rae.

Caminho de volta Os fundos de investimento venderam demais e, agora, voltam ao mercado agrícola. O resultado foi uma alta generalizada dos produtos comercializados em Chicago, ontem: a soja subiu 5%; o trigo, 8%; e o milho, 6,6%.

Vendas Os fundos, que tinham o correspondente a 40 milhões de toneladas de soja na posição comprada de futuros de opções em setembro, reduziram esse volume para apenas 19 milhões neste mês.

Participação Com isso, a participação deles no total de contratos em aberto em Chicago caiu para 28%, o menor patamar desde outubro de 2006, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural.

Febre aftosa "Não existe circulação viral em território brasileiro", diz Sebastião Guedes, diretor de sanidade animal do CNPC (Conselho Nacional de Pecuária de Corte). Guedes rebate afirmação de entidade paraguaia nesse sentido.

Líder O Ceará lidera o avanço percentual do valor bruto da produção: alta de 73% neste ano. O impulso veio dos aumentos de 308% na receita de milho, 227% na de feijão, 182% na de algodão e 61% na de café, segundo o Ministério da Agricultura.

Maior queda O Acre teve recuo de 74% no valor da produção, devido às quedas do arroz e da banana.

DE OLHO NO PREÇO

Nova York
Café
(cent. de US$)* 223,40
Algodão (cent. de US$)* 103,47

*por libra-peso

Chicago
Milho
(cent. de US$)** 645,00
Soja
(cent. de US$)** 1.235,50

** por bushel

Com THIAGO FERNANDES


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