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commodities
Leite ainda é promessa na exportação
Brasil é o quinto maior produtor leiteiro do mundo, atrás de União Europeia, Estados Unidos, Índia e Rússia
Fracasso no comércio externo é creditado a câmbio, protecionismo no setor e falta de gestão profissional
Técnicos apontam câmbio, protecionismo no setor e falta de gestão profissional na área como motivos
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
A posição de liderança
conquistada pelo Brasil no
mercado agrícola ainda é
uma promessa no leite.
A valorização do real, o
protecionismo que envolve o
setor e a própria característica do produto -mais perecível do que as demais commodities- explicam, em parte, a
presença tímida do país no
mercado internacional.
O Brasil é o quinto maior
produtor de leite do mundo,
atrás de União Europeia, Estados Unidos, Índia e Rússia.
A falta de gestão profissionalizada completa o cenário
desfavorável à expansão.
Com o predomínio da agricultura familiar, a produção
ocorre em baixa escala.
No Brasil, 1,3 milhão de
propriedades mapeadas pelo
IBGE produzem 29 bilhões de
litros de leite por ano. Os EUA
produzem quase três vezes
mais -85 bilhões- em menos de 80 mil fazendas.
"Falta profissionalização e
investimento em qualidade.
O padrão de exigência no exterior é alto", diz Aline Ferro,
pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada, da
Esalq/USP) para o leite.
De janeiro a agosto, o saldo entre exportações e importações de leite e derivados ficou negativo em
US$ 106 milhões -o pior resultado para o período desde
2002. "Nossos preços em dólar estão altos", diz Aline.
Segundo Rodrigo Alvim,
presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite
da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), os
subsídios no setor atingem
US$ 49 bilhões por ano. "É
difícil ser competitivo com o
tesouro da União Europeia."
Em todo o mundo, são produzidos cerca de 600 bilhões
de litros por ano. Desses, porém, apenas 40 bilhões são
transacionados entre diferentes nações.
Roberto Jank Jr, diretor da
Agrindus -segundo maior
fabricante de leite tipo A do
país-, reclama da tributação. Segundo ele, o IPI sobre
a compra de um equipamento básico para ordenha é de
18%. Já a alíquota do Imposto de Importação é de 16%.
FUTURO PROMISSOR
Apesar do cenário adverso, as vantagens comparativas que levaram o Brasil a
uma posição de destaque em
todas as outras commodities
agrícolas também devem fazer com que o país se torne
um dos maiores fornecedores globais de leite.
Neste ano, a produção brasileira deve aumentar 5%, segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos), ante expansão de
1,7% da média mundial.
"Não existe país com a disponibilidade de área que nós
temos", diz Alvim.
Além da carga tributária e
do câmbio, Alvim diz que o
país precisa avançar em
acordos sanitários com possíveis importadores.
O Brasil também terá de
enfrentar o setor leiteiro argentino. O país vizinho está
decidido a aumentar suas exportações na América Latina
e na África, principalmente.
Colaborou GUSTAVO HENNEMANN,
de Buenos Aires.
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