São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 2011 |
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ANÁLISE AGRONEGÓCIO Índia mantém mercado de açúcar sob tensão no curto prazo
PLINIO NASTARI ESPECIAL PARA A FOLHA Nos próximos dois anos, o maior fundamento do mercado internacional de açúcar deve ser o Brasil. A safra de cana-de-açúcar a ser colhida em 2011 será influenciada pelas falhas na brotação de soqueiras (emaranho de raízes que ficam na terra após o corte da planta) e pela incapacidade dos produtores em tratar os canaviais adequadamente devido à seca de 2010 e pela intensidade da renovação dos canaviais até abril. Mesmo havendo recuperação parcial da produção em 2012, esse esforço provavelmente será insuficiente para aplacar a sede do mercado mundial, depois de um período de deficit que já dura desde 2008. AUMENTO DE PRODUÇÃO Os aumentos de produção observados no Brasil e na Índia em 2010/11, de 5,3 milhões de toneladas e 4,7 milhões de toneladas, respectivamente, foram totalmente absorvidos pelo mercado, compensados por quebras de produção advindas de clima adverso em União Europeia, Rússia, Austrália e Tailândia, para citar os principais. Com isso, a relação estoque-consumo mundial se mantém inalterada, em torno de 35%, quando o normal seria algo acima de 40%. No curto prazo, entretanto, dois outros fatores têm contribuído para manter os mercados em sinal de atenção, em particular no período de abastecimento mais crítico do mercado mundial, o primeiro trimestre de 2011. O primeiro deles é a incerteza quanto ao excedente a ser exportado pela Índia. O mercado contava com 2,5 milhões de toneladas, que estariam sendo disponibilizadas de forma mais consistente a partir do primeiro trimestre. Lá, o mercado ainda é regulado, e sujeito à intervenção do governo. No final de dezembro, foi determinado o retorno do imposto de importação de açúcar de 60%, a partir de 1º de janeiro, visto que a perspectiva era de excedente interno. MEDIDA SUSPENSA Essa medida vigorou por apenas uma semana. O ministro Sharad Pawar, da Agricultura e Segurança Alimentar, cancelou a medida a partir de 8 de janeiro, e suspendeu as licenças de exportação anunciadas um mês antes, como que colocando gasolina em fogo aberto. A estimativa de produção, que já chegou a 26 milhões de toneladas, foi reduzida em 5,8%, podendo cair mais, o que reduz a perspectiva de embarques em volume significativo. O segundo fator é a China, terceiro maior produtor, a- fetado neste início de ano por neve e geada em Guangxi, sua principal região produtora, causando queda na produção estimada em 300 mil toneladas. Se essa perda implicará necessidade de importação adicional é ainda uma incógnita, pois no passado o governo chinês estimulou o uso de sacarina para evitá-la, mas o risco é latente. O fato é que, com disponibilidade reduzida, pequenas variações no apertado balanço oferta-demanda têm gerado intensa volatilidade, mantendo todo o mercado sob tensão. PLINIO NASTARI é presidente da Datagro Consultoria. Texto Anterior: Starbucks dá 1º passo para abrir lojas na Índia Próximo Texto: Vaivém - Mauro Zafalon: Avicultura terá novo conceito sanitário em 2011 Índice | Comunicar Erros |
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