São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2010

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"Queriam furar o meu terreno, mas não deixei"

DE SÃO PAULO

Sem informações sobre o que pode acontecer após o leilão do trem-bala, proprietários de áreas afetadas pelo traçado reagem com desconfiança ao serem indagados sobre o assunto. Na região, o tema mais assusta do que entusiasma.
A dúvida que todos têm é quem pagará pelas desapropriações que precisarão ser feitas para a realização das obras do TAV (Trem de Alta Velocidade), qual o valor e quando virá o dinheiro.
O governo fez uma revisão nos custo de desapropriação e estima, sob o critério de "valor de mercado", que em todo o traçado do trem-bala -de Campinas ao Rio de Janeiro- terá de gastar R$ 842,56 milhões em indenizações.

REAÇÃO
"Eles chegaram aqui sem pedir para entrar. Queriam furar meu terreno. Mandei todo mundo embora, mas não deixei fazer furo nenhum aqui. Fizeram lá fora, depois da cerca", disse Carlos Afonso Ferreira Neves Filho, 58.
A família Neves levou quatro anos para conseguir autorização e montar um porto de areia perto da entrada de Tremembé.
O negócio começou a funcionar há apenas quatro meses. Recentemente, Neves recebeu da consultoria contratada para buscar as licenças para funcionamento uma imagem de satélite que tirou seu sono.
Esta lá. O trem passa exatamente sobre a sua mineradora, como um tiro certeiro. Do outro lado da rua, José Francisco Fróes, 71, vive um drama semelhante.
"Rapaz, desse trem-bala acho que só vou sentir o vento", ironiza. "Será que sai?", pergunta.
Fróes controla uma olaria. Sustenta sua família e outras 20. Todas vivem na área que fica exatamente sob o traçado do trem-bala.
"Contente não estou. Trabalho aqui há anos e tenho 20 famílias que dependem da produção dos 200 mil tijolos por mês. Se tiver de sair daqui, como é que vou pagar essa gente toda?", questiona. (AB)


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