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"Queriam furar o meu terreno, mas não deixei"
DE SÃO PAULO
Sem informações sobre o
que pode acontecer após o
leilão do trem-bala, proprietários de áreas afetadas pelo
traçado reagem com desconfiança ao serem indagados sobre o assunto. Na região, o tema mais assusta
do que entusiasma.
A dúvida que todos têm é
quem pagará pelas desapropriações que precisarão
ser feitas para a realização
das obras do TAV (Trem de
Alta Velocidade), qual o valor e quando virá o dinheiro.
O governo fez uma revisão nos custo de desapropriação e estima, sob o critério de "valor de mercado",
que em todo o traçado do
trem-bala -de Campinas ao
Rio de Janeiro- terá de gastar R$ 842,56 milhões em indenizações.
REAÇÃO
"Eles chegaram aqui sem
pedir para entrar. Queriam
furar meu terreno. Mandei
todo mundo embora, mas
não deixei fazer furo nenhum aqui. Fizeram lá fora,
depois da cerca", disse Carlos Afonso Ferreira Neves
Filho, 58.
A família Neves levou
quatro anos para conseguir
autorização e montar um
porto de areia perto da entrada de Tremembé.
O negócio começou a
funcionar há apenas quatro
meses. Recentemente, Neves recebeu da consultoria
contratada para buscar as
licenças para funcionamento uma imagem de satélite
que tirou seu sono.
Esta lá. O trem passa exatamente sobre a sua mineradora, como um tiro certeiro. Do outro lado da rua, José Francisco Fróes, 71, vive
um drama semelhante.
"Rapaz, desse trem-bala
acho que só vou sentir o
vento", ironiza. "Será que
sai?", pergunta.
Fróes controla uma olaria. Sustenta sua família e
outras 20. Todas vivem na
área que fica exatamente
sob o traçado do trem-bala.
"Contente não estou. Trabalho aqui há anos e tenho
20 famílias que dependem
da produção dos 200 mil tijolos por mês. Se tiver de
sair daqui, como é que vou
pagar essa gente toda?",
questiona.
(AB)
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