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OMS quer proibir aditivos no cigarro
Diretrizes para regular produtos do tabaco devem ser aprovadas em conferência internacional nesta semana
Ingredientes tornam
o fumo mais atrativo e
transformam-se em
substâncias tóxicas,
segundo a organização
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
O uso de aditivos nos cigarros brasileiros, prática
que torna o fumo mais atrativo, pode estar com os dias
contados.
Nesta semana, representantes de 171 países, incluindo o Brasil, reúnem-se no
Uruguai para aprovar diretrizes para a regulamentação
dos produtos do tabaco.
Trata-se da Conferência
das Partes (COP 4) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco -tratado internacional desenvolvido
sob a chancela da OMS (Organização Mundial da Saúde) para reduzir o consumo
do cigarro e os danos à saúde
de quem continua fumando.
As diretrizes devem recomendar proibição ou restrições ao uso de ingredientes
nos cigarros, como açúcares,
flavorizantes e umectantes.
Estudos da TobReg (Tobacco Regulation) -grupo
da OMS- mostram que esses
aditivos aumentam a palatabilidade dos cigarros.
"Documentos internos da
indústria do cigarro e estudos científicos da TobReg
mostram que alguns aditivos
têm a função de aumentar o
poder da nicotina de causar
dependência", diz Tânia Cavalcante, secretária-executiva da Conicq (Comissão Nacional para a Implementação
da Convenção-Quadro), grupo interministerial criado para tratar do tema.
Após conflitos no grupo, a
posição do Brasil está definida: o país apoiará a adoção
de restrições aos aditivos e
deve adotá-las após trâmites
da Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária), segundo a Conicq.
IMPACTOS
O Brasil será um dos países
mais afetados pela medida. A
restrição ao uso de aditivos
comprometerá o emprego do
fumo tipo "burley" nos cigarros -a espécie é utilizada no
"american blend", mistura
preferida dos brasileiros.
Como o fumo "burley" é
curado ao ar livre, perde o
açúcar natural durante o processo de secagem. Com isso,
o tabaco fica mais amargo e,
para torná-lo mais palatável,
adiciona-se açúcar.
Cavalcante, que é médica,
afirma que, ao serem queimados, os aditivos tornam-se
substâncias tóxicas. "A queima do açúcar libera acetaldeído, que aumenta a capacidade da nicotina de causar
dependência", diz.
Mas Humberto Conti, gerente de ciência e regulamentação da Souza Cruz, afirma
que o açúcar natural do tabaco não é diferente do que é
acrescentado e, portanto, a
adição não aumenta o risco
inerente ao cigarro.
"Proibir a adição de açúcar
não significa reduzir o nível
dessa substância no cigarro", diz. Para ele, com a proibição, a tendência é que a indústria use outros tipos de
fumo "mais carregados no
açúcar" naturalmente.
A polêmica envolvendo a
proibição de aditivos no cigarro foi tema da campanha
presidencial. Apontado como antitabagista, José Serra
tentou se aproximar dos fumicultores e, em carta ao setor, lembrou que o governo
Lula apoiou a adesão do Brasil à convenção. Mesmo assim, foi derrotado por Dilma
Rousseff em grandes municípios produtores de fumo.
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