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Bolsa Família será pago pelo celular
Caixa dará aparelho e minutos de uso aos beneficiários do programa federal para efetuar os pagamentos
Banco quer se unir a empresas de telefonia para prestar serviços; "Bolsa Celular" seria
o primeiro passo
JULIO WIZIACK
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Os beneficiários do programa Bolsa Família vão receber seu benefício pelo celular. A novidade está sendo
avaliada por um grupo de
trabalho criado pela Caixa
Econômica Federal.
O serviço deverá ser implantado no início de 2011.
Para isso, o telefone será
equipado com um novo chip,
que transformará o telefone
em um cartão de pagamento.
A Folha apurou que o
"Bolsa Celular" será o primeiro passo da Caixa rumo à
prestação de serviços de telefonia, um mercado aberto recentemente pela Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações).
As novas regras da agência
permitem que qualquer empresa se associe às operadoras móveis do mercado usando a infraestrutura delas para prestar serviços de telefonia diretamente a seus clientes. Por isso, as interessadas
foram batizadas de "teles virtuais".
A Anatel permitirá que os
bancos escolham dois caminhos. No primeiro, as instituições comprarão no atacado milhões de minutos das
teles e depois venderão (ou
repassarão como prêmio) aos
clientes. Na segunda opção,
alugam a rede da operadora
e prestam o serviço.
PROJETOS PARA 2011
No início deste mês, a Folha revelou que BB, Bradesco, Itaú e Santander já estão
com projetos em andamento
para 2011. Com isso, deve
ocorrer a massificação do
uso do celular como cartões
de débito e crédito, uma mudança nas formas de pagamento eletrônico no país.
Esse sistema funcionará
como a recarga de um celular pré-pago. Para carregar o
celular de dinheiro bastará
fazer transferências da conta
corrente via internet, agência, caixa eletrônico ou pela
central de atendimento.
A Caixa já começou a fechar sua estratégia de atuação e teria decidido iniciá-la
atendendo as 12,3 milhões
de famílias do Bolsa Família.
Futuramente, haverá outros
serviços via celular a todos
os correntistas do banco.
Com o serviço, não mudaria a gestão do Bolsa Família,
dividida entre municípios,
Estados e União. A diferença
seria a transferência de valores pela Caixa para o celular
do beneficiário.
Ainda não se sabe quanto
a instituição terá de investir
nesse serviço. Isso porque
ele exigirá a oferta de celulares e minutos gratuitos.
Mas, segundo apurou a
Folha, esse custo será muito
menor do que levar agências
ou caixas eletrônicos às localidades descobertas.
BANCO MÓVEL
Atualmente, boa parte dos
beneficiários do programa vive em localidades onde não
existe agência da CEF, tampouco caixas eletrônicos que
aceitem o cartão Bolsa Família para saques.
Na telefonia, há cobertura
de celular em quase todos os
municípios. Onde falta, ela
chegará até o final deste ano.
Com a possibilidade de virar uma "tele virtual", a CEF e
outros bancos chegarão -via
celular- em locais onde não
há agências.
Os novos chips que equiparão celulares, máquinas
de débito e caixas eletrônicos
"conversarão" entre si e já
começaram a ser trocados
pelas empresas responsáveis
pelas máquinas de cartões.
Bastará aproximar o celular desses terminais e efetuar
pagamentos ou saques.
O caixa de um banco concorrente também poderia liberar o dinheiro (cobrando
uma taxa por isso), como fazem hoje os caixas 24 horas.
Para isso, os bancos ainda
precisam fechar acordos. O
crédito seria transferido via
celular para o banco concorrente automaticamente.
Nos estabelecimentos comerciais, as máquinas de débito também aceitarão o celular como pagamento. Onde
não existe máquina, poderá
ocorrer uma transferência de
créditos entre celulares.
NOVAS BARREIRAS
O único problema para
que o uso do celular como
forma de pagamento avance
no país é a pressão que as teles estão fazendo na Anatel
para que os interessados em
prestar serviços de telefonia
a seus clientes sejam obrigados a se associar a somente
uma operadora.
A proposta inicial dava liberdade para que uma companhia se associasse a quantas operadoras quisesse. Na
semana passada, um conselheiro da Anatel pediu vistas
e paralisou o processo.
Na avaliação de especialistas, a exclusividade das operadoras poderá levar o serviço ao fracasso.
Isso porque, em sua maioria, os correntistas de um
banco já têm um celular. Associar-se a somente uma
operadora poderia levar o
cliente a mudar de banco só
para ter o serviço, caso sua
operadora fosse diferente daquela com que o banco fechou contrato.
Esse modelo também traria problemas de cobertura,
já que existem localidades
atendidas hoje por somente
uma operadora -e que possuem mais de um banco.
Consultada, a Caixa não
confirmou a informação.
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