São Paulo, segunda-feira, 15 de novembro de 2010

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Telefonia brasileira sustenta expansão de matriz na Europa

Resultados no país ajudaram operadoras afetadas pela crise

DE SÃO PAULO

O Brasil está ajudando a sustentar o crescimento das operadoras estrangeiras afetadas pela crise financeira.
O atual ritmo de crescimento do mercado brasileiro está fazendo aumentar não somente a receita das matrizes, mas também seu lucro.
No terceiro trimestre, TIM, Telefônica e Vivo contribuíram para fortificar o caixa de suas sedes que ficam em países severamente afetados pela crise financeira.
"Vamos falar cada vez mais português", disse César Alierta, presidente mundial da Telefónica na última reunião de executivos, ocorrida no final de setembro.
Não é por acaso. Com base no último balanço do grupo espanhol, o Brasil já superou a matriz em número de clientes e é o segundo maior gerador de receitas, perdendo somente para a Espanha.
Isso ocorreu após a incorporação da Vivo, cujo controle os espanhóis dividiam com a PT (Portugal Telecom). No final de setembro, os portugueses venderam seus 30% na Vivo à Telefónica.
No balanço, a operadora espanhola só pode declarar parte dos resultados financeiros da Vivo. O impacto do negócio não foi totalmente percebido, mas somente em economias contábeis foram R$ 9,6 bilhões até setembro.
Com o encerramento do quarto trimestre, quando a integração estará completa, o Brasil representará 19% das receitas do grupo (um salto de 4%) e 17,4% da geração de lucro (4,4% a mais).
Essa mudança já fez o Brasil se tornar uma unidade de negócios independente dentro da divisão que congrega os países da América Latina.
Para a PT, antiga sócia da Telefónica na Vivo, o negócio também permitiu uma distribuição recorde de lucros. Antes a remuneração prevista era de R$ 1,58 por ação. Agora, subiu para R$ 1,79 e será pago ainda um dividendo extra de R$ 2,75 por ação. No total, serão distribuídos cerca de R$ 4 bilhões.
Parte do que sobrou da venda do controle da Vivo será reinvestido na entrada dos portugueses na Oi. Para o presidente da PT, Zeinal Bava, o Brasil é estratégico para a companhia.
Quase metade das receitas da PT saíam do Brasil. Com as perspectivas de crescimento do mercado brasileiro, principalmente no acesso à internet, a meta é ampliar o peso do Brasil nas receitas.

OUTRO FÔLEGO
Embora não abra seus resultados por países de atuação, a TI (Telecom Italia) -controladora da TIM- também disse ter registrado aumento da participação do país em seus resultados.
Recentemente, Gabriele Galateri, presidente do conselho da TI, afirmou que o país já tem o peso do mercado doméstico italiano, mas com um "potencial maior".
Para ele, são enormes as perspectivas de crescimento do mercado brasileiro com a telefonia móvel e a internet. Estima-se que, até 2018, serão 180 milhões de acessos em banda larga, sendo 120 milhões pela rede móvel (celular) e 60 milhões pela fixa.
Com a aquisição da Intelig, operadora fixa concorrente da Embratel (do bilionário mexicano Carlos Slim), a TIM já ganhou competitividade na disputa pelo mercado de voz, ultrapassando sua concorrente nas chamadas de longa distância.
Até mesmo as linhas fixas, que estavam em declínio -seguindo uma tendência mundial- voltaram a crescer segundo a Telefônica.
Isso tudo devido à ascensão das classes C e D, que estão agora tendo acesso aos serviços de comunicação fixa. Para eles, a telefonia celular pré-paga era a única forma de inclusão até então.
Esse cenário combinado à crise que ainda afeta Portugal, Itália e Espanha continuará aumentando a importância do Brasil. (JW)


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