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ANÁLISE
Lições de casa para o país voltar a exportar mais manufaturados
JUAN QUIRÓS
ESPECIAL PARA A FOLHA
É bem-vindo o crescimento das exportações brasileiras de produtos básicos e
commodities, cujo valor pode chegar a 8% do PIB no final da próxima década.
Contudo, não podemos
nos acomodar ante tais perspectivas, pois é imenso o potencial do país como fornecedor de máquinas e equipamentos, software, aviões, automóveis e muitos bens de
consumo, manufaturados e
semimanufaturados, além
de tecnologias como a dos
motores flex e de engenharia
de grandes estruturas.
Precisamos, ainda, converter mais matérias-primas
em itens com maior valor
agregado. Afinal, o Brasil é a
própria antítese do anacrônico conceito de um grupo de
países supridores de produtos primários e compradores
de industrializados.
Não devemos abdicar da
estratégica posição como
provedores de commodities,
de alimentos, de matérias-primas, de biocombustíveis,
de petróleo, de etanol, de minérios e de tudo o que nos
oferece a natureza.
Porém, devemos ampliar
muito as exportações, em volume e em valor, com nosso
parque industrial (o mais
avançado e amplo do hemisfério Sul) e o comprovado talento de nossos empresários,
executivos, técnicos, pesquisadores e cientistas.
É premente que nossas exportações de manufaturados
voltem a crescer.
Para isso, é preciso uma
consistente política exportadora, que não se esgota no
pacote lançado em maio pelo
governo, pois o Brasil continua vulnerável em três aspectos: competitividade,
acesso a mercados e eficiência na gestão do comércio internacional.
Quanto à competitividade,
o equacionamento implica
desoneração tributária, resgate dos gargalos da infraestrutura e incremento de P&D.
Quanto à ampliação do
acesso a mercados, urge
atuação mais assertiva nos
acordos comerciais e a inserção de produtos e serviços
com base de distribuição e de
comercialização em mercados estratégicos.
Finalmente, é necessária
mais sinergia na gestão da
política comercial, com o direcionamento compartilhado entre o governo e a iniciativa privada. Essas são as lições de casa que nos permitirão ir muito além das commodities!
JUAN QUIRÓS é presidente do Grupo
Advento e vice da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo) e da
Abdib (Associação Brasileira da
Infraestrutura e Indústrias de Base).
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