São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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ANÁLISE

Lições de casa para o país voltar a exportar mais manufaturados

JUAN QUIRÓS

ESPECIAL PARA A FOLHA

É bem-vindo o crescimento das exportações brasileiras de produtos básicos e commodities, cujo valor pode chegar a 8% do PIB no final da próxima década. Contudo, não podemos nos acomodar ante tais perspectivas, pois é imenso o potencial do país como fornecedor de máquinas e equipamentos, software, aviões, automóveis e muitos bens de consumo, manufaturados e semimanufaturados, além de tecnologias como a dos motores flex e de engenharia de grandes estruturas.
Precisamos, ainda, converter mais matérias-primas em itens com maior valor agregado. Afinal, o Brasil é a própria antítese do anacrônico conceito de um grupo de países supridores de produtos primários e compradores de industrializados.
Não devemos abdicar da estratégica posição como provedores de commodities, de alimentos, de matérias-primas, de biocombustíveis, de petróleo, de etanol, de minérios e de tudo o que nos oferece a natureza.
Porém, devemos ampliar muito as exportações, em volume e em valor, com nosso parque industrial (o mais avançado e amplo do hemisfério Sul) e o comprovado talento de nossos empresários, executivos, técnicos, pesquisadores e cientistas. É premente que nossas exportações de manufaturados voltem a crescer.
Para isso, é preciso uma consistente política exportadora, que não se esgota no pacote lançado em maio pelo governo, pois o Brasil continua vulnerável em três aspectos: competitividade, acesso a mercados e eficiência na gestão do comércio internacional.
Quanto à competitividade, o equacionamento implica desoneração tributária, resgate dos gargalos da infraestrutura e incremento de P&D. Quanto à ampliação do acesso a mercados, urge atuação mais assertiva nos acordos comerciais e a inserção de produtos e serviços com base de distribuição e de comercialização em mercados estratégicos.
Finalmente, é necessária mais sinergia na gestão da política comercial, com o direcionamento compartilhado entre o governo e a iniciativa privada. Essas são as lições de casa que nos permitirão ir muito além das commodities!

JUAN QUIRÓS é presidente do Grupo Advento e vice da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base).



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