|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
EUA devolvem telas de US$ 4 mi que foram de Edemar
Obras foram vendidas após a quebra do Banco Santos; quadros foram despachados como se valessem US$ 230
Obras de Roy Lichtenstein e Torres-García chegam na terça, depois de investigação do FBI e da Interpol
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
É um retorno raríssimo. Na
próxima terça-feira, autoridades brasileiras recebem do
Departamento de Justiça dos
EUA duas obras de arte que
pertenceram ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira.
São duas telas, do americano Roy Lichtenstein, um
dos criadores da pop arte, e
do construtivista uruguaio
Joaquim Torres-García. Valem US$ 3,5 milhões e US$
550 mil, respectivamente, segundo avaliação americana.
Os quadros serão repatriados porque são fruto de fraudes em série, de acordo com a
Justiça dos EUA: 1) foram
vendidos depois que o Banco
Santos quebrou, em novembro de 2004, o que caracterizaria fraude contra quem
perdeu dinheiro na instituição; 2) foram comprados
com dinheiro desviado do
banco; e 3) entraram nos
EUA com documentos falsos.
Edemar tinha uma das
maiores coleções do Brasil,
avaliada entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões. Foi
condenado a 21 anos de prisão e teve a coleção confiscada. Preso duas vezes, recorre
da sentença em liberdade.
Em maio de 2005, a Folha
revelou que as obras mais caras de sua coleção tinham sumido do país. Edemar sempre negou que praticou fraudes ou lavagem de dinheiro.
Seu advogado, Luiz Corvo,
não quis se pronunciar.
Um dos documentos encontrados pelo FBI (a polícia
federal dos EUA) mostra que
o Lichtenstein que voltará ao
Brasil e outros dois quadros
(do artista americano Jean
Michel Basquiat e do russo
naturalizado francês Serge
Poliakoff ) foram despachados da Holanda para Nova
York pelo Federal Express como se valessem US$ 230. O
Basquiat valia US$ 100.
Joia da coroa
Avaliação posterior, feito a
pedido da Justiça dos EUA,
aponta que a tela de Basquiat
pode alcançar US$ 8 milhões. Basquiat, Poliakoff e
um mármore romano devem
voltar ao Brasil em 2011.
As obras foram encontradas graças às investigações
do FBI, da Interpol (uma espécie de polícia internacional) e do Departamento de
Segurança Interna dos EUA.
O mapa das apurações ia
de Moscou, onde o Poliakoff
foi exposto numa feira, a Los
Angeles, onde um colecionador comprou o Lichtenstein.
As telas eram negociadas
por valores abaixo do de mercado. Avaliado em US$ 3,5
milhões, o Lichtenstein foi
comprado por US$ 1,3 milhão. A massa falida do Banco Santos pagou US$ 175 mil
ao colecionador Seth Landsberg para desistir de ação judicial nos EUA. Só assim a tela poderá voltar.
Texto Anterior: Fernando Veloso: Ambiente econômico e aprendizado Próximo Texto: Retorno das obras é marco, diz ministro Índice | Comunicar Erros
|