São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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EUA devolvem telas de US$ 4 mi que foram de Edemar

Obras foram vendidas após a quebra do Banco Santos; quadros foram despachados como se valessem US$ 230

Obras de Roy Lichtenstein e Torres-García chegam na terça, depois de investigação do FBI e da Interpol


MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

É um retorno raríssimo. Na próxima terça-feira, autoridades brasileiras recebem do Departamento de Justiça dos EUA duas obras de arte que pertenceram ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira.
São duas telas, do americano Roy Lichtenstein, um dos criadores da pop arte, e do construtivista uruguaio Joaquim Torres-García. Valem US$ 3,5 milhões e US$ 550 mil, respectivamente, segundo avaliação americana.
Os quadros serão repatriados porque são fruto de fraudes em série, de acordo com a Justiça dos EUA: 1) foram vendidos depois que o Banco Santos quebrou, em novembro de 2004, o que caracterizaria fraude contra quem perdeu dinheiro na instituição; 2) foram comprados com dinheiro desviado do banco; e 3) entraram nos EUA com documentos falsos.
Edemar tinha uma das maiores coleções do Brasil, avaliada entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões. Foi condenado a 21 anos de prisão e teve a coleção confiscada. Preso duas vezes, recorre da sentença em liberdade.
Em maio de 2005, a Folha revelou que as obras mais caras de sua coleção tinham sumido do país. Edemar sempre negou que praticou fraudes ou lavagem de dinheiro. Seu advogado, Luiz Corvo, não quis se pronunciar.
Um dos documentos encontrados pelo FBI (a polícia federal dos EUA) mostra que o Lichtenstein que voltará ao Brasil e outros dois quadros (do artista americano Jean Michel Basquiat e do russo naturalizado francês Serge Poliakoff ) foram despachados da Holanda para Nova York pelo Federal Express como se valessem US$ 230. O Basquiat valia US$ 100.

Joia da coroa
Avaliação posterior, feito a pedido da Justiça dos EUA, aponta que a tela de Basquiat pode alcançar US$ 8 milhões. Basquiat, Poliakoff e um mármore romano devem voltar ao Brasil em 2011.
As obras foram encontradas graças às investigações do FBI, da Interpol (uma espécie de polícia internacional) e do Departamento de Segurança Interna dos EUA.
O mapa das apurações ia de Moscou, onde o Poliakoff foi exposto numa feira, a Los Angeles, onde um colecionador comprou o Lichtenstein.
As telas eram negociadas por valores abaixo do de mercado. Avaliado em US$ 3,5 milhões, o Lichtenstein foi comprado por US$ 1,3 milhão. A massa falida do Banco Santos pagou US$ 175 mil ao colecionador Seth Landsberg para desistir de ação judicial nos EUA. Só assim a tela poderá voltar.


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