|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil puxa retomada do PIB da região
Com aumento da demanda interna, importações vindas dos demais países do Mercosul têm avanço de 43%
Crescimento da América Latina está entre os mais fortes no mundo neste ano, ficando atrás
dos países asiáticos
ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO
O impacto do maior crescimento brasileiro em mais de
uma década não ficou restrito às fronteiras do país. Na
América Latina, especialmente no Mercosul, o avanço
de 9% do PIB brasileiro ajudou a retomada regional.
Isso acontece porque o
aquecimento brasileiro também se reflete no aumento da
compra dos vizinhos, especialmente Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, afirma o argentino Osvaldo Kacef, diretor da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe).
"Quando o Brasil cresce, é
uma grande notícia não apenas para países pequenos como Paraguai e Uruguai, mas
também para a Argentina. É
o maior país da região, o motor do Cone Sul, inclusive para o Chile", diz Kacef.
No primeiro trimestre, as
importações brasileiras vindas do Mercosul foram 43%
maiores que no mesmo período de 2009, e a participação do bloco nas compras do
país também ganhou espaço.
Segundo Kacef, o Brasil é
"uma variável fundamental
para os países do Cone Sul".
Ainda que não tenha a mesma "magnitude" que a China
tem para os emergentes da
Ásia (a economia chinesa é
mais de duas vezes e meia
maior que a brasileira), o país
é "muito importante" para a
expansão da região.
Ele afirma que os países da
América do Sul estão passando por um processo de "recolamento" ("recoupling") ao
Brasil e à China.
Ainda que tenha perdido
espaço para a China nos últimos anos, o Brasil é o principal comprador de países vizinhos (como Uruguai e Argentina) ou um dos maiores (Chile e Colômbia, por exemplo).
INDUSTRIALIZADOS
Ao contrário das chineses,
as importações brasileiras
dos vizinhos são muito mais
variadas, não se resumindo
apenas a commodities (matérias-primas).
No caso argentino, cujo
PIB cresceu 6,8% no primeiro trimestre, as compras brasileiras têm um grande impacto no parque industrial.
Quase dois terços do que a
Argentina vende para o Brasil são itens industrializados.
Da Argentina chegam produtos como carros, veículos
de carga e ligados à indústria
química. Grande parte das
exportações de carros da Argentina vem para o Brasil, o
que influencia diversos setores da economia vizinha -a
siderurgia, por exemplo.
E os dados do PIB argentino, divulgados ontem, mostram a influência brasileira.
O setor automotivo registrou
forte crescimento, e as exportações (que têm impacto positivo no PIB) subiram 4,2%.
Com o Brasil puxando as
previsões para a região, a
América Latina deve ter forte
crescimento, ficando atrás
apenas da Ásia, que tem a
China liderando o avanço.
Essa expansão se deve em
muito à recuperação do preço das commodities, que hoje estão mais caras que no começo do ano passado.
O PIB uruguaio foi um dos
que tiveram expansão expressiva no primeiro trimestre, o Chile se desacelerou
(devido ao terremoto), mas
tem perspectivas positivas
para o segundo semestre. Já a
Venezuela é o destaque negativo, com queda de 16,9%.
Texto Anterior: Lançamentos Próximo Texto: Análise: Produtos exportados para a AL tendem a gerar mais emprego Índice
|