São Paulo, sábado, 19 de junho de 2010

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Brasil puxa retomada do PIB da região

Com aumento da demanda interna, importações vindas dos demais países do Mercosul têm avanço de 43%

Crescimento da América Latina está entre os mais fortes no mundo neste ano, ficando atrás dos países asiáticos


ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO

O impacto do maior crescimento brasileiro em mais de uma década não ficou restrito às fronteiras do país. Na América Latina, especialmente no Mercosul, o avanço de 9% do PIB brasileiro ajudou a retomada regional.
Isso acontece porque o aquecimento brasileiro também se reflete no aumento da compra dos vizinhos, especialmente Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, afirma o argentino Osvaldo Kacef, diretor da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe).
"Quando o Brasil cresce, é uma grande notícia não apenas para países pequenos como Paraguai e Uruguai, mas também para a Argentina. É o maior país da região, o motor do Cone Sul, inclusive para o Chile", diz Kacef.
No primeiro trimestre, as importações brasileiras vindas do Mercosul foram 43% maiores que no mesmo período de 2009, e a participação do bloco nas compras do país também ganhou espaço.
Segundo Kacef, o Brasil é "uma variável fundamental para os países do Cone Sul". Ainda que não tenha a mesma "magnitude" que a China tem para os emergentes da Ásia (a economia chinesa é mais de duas vezes e meia maior que a brasileira), o país é "muito importante" para a expansão da região.
Ele afirma que os países da América do Sul estão passando por um processo de "recolamento" ("recoupling") ao Brasil e à China.
Ainda que tenha perdido espaço para a China nos últimos anos, o Brasil é o principal comprador de países vizinhos (como Uruguai e Argentina) ou um dos maiores (Chile e Colômbia, por exemplo).

INDUSTRIALIZADOS
Ao contrário das chineses, as importações brasileiras dos vizinhos são muito mais variadas, não se resumindo apenas a commodities (matérias-primas).
No caso argentino, cujo PIB cresceu 6,8% no primeiro trimestre, as compras brasileiras têm um grande impacto no parque industrial. Quase dois terços do que a Argentina vende para o Brasil são itens industrializados.
Da Argentina chegam produtos como carros, veículos de carga e ligados à indústria química. Grande parte das exportações de carros da Argentina vem para o Brasil, o que influencia diversos setores da economia vizinha -a siderurgia, por exemplo.
E os dados do PIB argentino, divulgados ontem, mostram a influência brasileira. O setor automotivo registrou forte crescimento, e as exportações (que têm impacto positivo no PIB) subiram 4,2%.
Com o Brasil puxando as previsões para a região, a América Latina deve ter forte crescimento, ficando atrás apenas da Ásia, que tem a China liderando o avanço.
Essa expansão se deve em muito à recuperação do preço das commodities, que hoje estão mais caras que no começo do ano passado.
O PIB uruguaio foi um dos que tiveram expansão expressiva no primeiro trimestre, o Chile se desacelerou (devido ao terremoto), mas tem perspectivas positivas para o segundo semestre. Já a Venezuela é o destaque negativo, com queda de 16,9%.


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