São Paulo, domingo, 20 de junho de 2010

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Governo admite problema, mas patina na solução

DA ENVIADA A DUBLIN

A encruzilhada em que a Irlanda se encontra é óbvia não só para a população, mas também para o governo, de centro-direita, que patina ao encontrar uma forma de cortar benefícios sem jogar a população na pobreza.
Com 18,9% do Produto Interno Bruto investido em seguridade social, Dublin está abaixo da média da UE e bem atrás da França, onde a rede de amparo usa 30% do PIB.
Mas aqui o caso ficou mais estridente. O país tem proporção reduzida de pensionistas (10%, contra 17% do bloco) e, vindo de um boom de crescimento de 15 anos, só recentemente o desemprego se tornou um problema.
O próprio governo admite que o empilhamento de benefícios é um desincentivo ao trabalho.
Recentemente, o premiê Brian Cowen anunciou que reduziria o benefício pago por filho no país a crianças de até 13 anos (hoje recebem pais de filhos de até 21). Todo mundo recebe, independentemente da renda.
O sistema é visto como insustentável pelo governo -um assistente social conta sobre um amigo bem empregado, cuja mulher também trabalha, que recebe ao ano 12 mil pelos três filhos. Mas houve chiadeira.
"A proposta era cortar para sete anos, mas 13 parece um começo mais razoável", diz Niamh O'Donoughe, diretora-geral de serviços de bem-estar no Departamento de Proteção Social e número 2 do ministro Éamon Ó Cuív.
O governo, na voz de O'Donoughue, afirma que é difícil simplesmente cortar os benefícios bruscamente e que o redesenho passa pelo cruzamento de dados, que, muitas vezes, estão defasados.
Ela admite haver fraudes no sistema, sobretudo no seguro-desemprego e na assistência familiar a pais e mães solteiros. Mas são informações, diz, difíceis de apurar.
"Temos de mudar progressivamente, para que não seja um golpe muito forte." (LC)


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