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Governo admite problema, mas patina na solução
DA ENVIADA A DUBLIN
A encruzilhada em que a
Irlanda se encontra é óbvia
não só para a população,
mas também para o governo,
de centro-direita, que patina
ao encontrar uma forma de
cortar benefícios sem jogar a
população na pobreza.
Com 18,9% do Produto Interno Bruto investido em seguridade social, Dublin está
abaixo da média da UE e bem
atrás da França, onde a rede
de amparo usa 30% do PIB.
Mas aqui o caso ficou mais
estridente. O país tem proporção reduzida de pensionistas (10%, contra 17% do
bloco) e, vindo de um boom
de crescimento de 15 anos, só
recentemente o desemprego
se tornou um problema.
O próprio governo admite
que o empilhamento de benefícios é um desincentivo
ao trabalho.
Recentemente, o premiê
Brian Cowen anunciou que
reduziria o benefício pago
por filho no país a crianças
de até 13 anos (hoje recebem
pais de filhos de até 21). Todo
mundo recebe, independentemente da renda.
O sistema é visto como insustentável pelo governo
-um assistente social conta
sobre um amigo bem empregado, cuja mulher também
trabalha, que recebe ao ano
12 mil pelos três filhos. Mas
houve chiadeira.
"A proposta era cortar para sete anos, mas 13 parece
um começo mais razoável",
diz Niamh O'Donoughe, diretora-geral de serviços de
bem-estar no Departamento
de Proteção Social e número
2 do ministro Éamon Ó Cuív.
O governo, na voz de O'Donoughue, afirma que é difícil
simplesmente cortar os benefícios bruscamente e que o
redesenho passa pelo cruzamento de dados, que, muitas
vezes, estão defasados.
Ela admite haver fraudes
no sistema, sobretudo no seguro-desemprego e na assistência familiar a pais e mães
solteiros. Mas são informações, diz, difíceis de apurar.
"Temos de mudar progressivamente, para que não seja
um golpe muito forte."
(LC)
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