São Paulo, terça-feira, 21 de setembro de 2010

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EUA tiveram maior recessão em 70 anos

Ciclo de contração iniciado no fim de 2007 foi o de mais longa duração desde a Grande Depressão, afirma órgão

Economista diz que essa contração foi a de retomada mais lenta e a mais profunda desde o fim da Segunda Guerra

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O NBER, órgão privado que determina os períodos de contração e expansão nos EUA, anunciou ontem que o mês de junho de 2009 foi o fim oficial da mais recente recessão no país, que começou em dezembro de 2007 e eliminou 7,3 milhões de vagas.
Esses 18 meses tornam essa recessão a mais longa nos EUA desde a Grande Depressão, período em que a economia encolheu por 43 meses entre 1929 e 1933. Desde então, as mais longas recessões tinham durado 16 meses (1973-1975 e 1981-1982).
Porém, o grupo deixou claro que o fim do período não significa que as condições econômicas desde junho de 2009 foram favoráveis.
Em comunicado, o NBER afirmou que "não concluiu que a economia voltou a operar em capacidade normal", mas sim que "a recessão acabou e a recuperação começou" naquele mês.
A decisão indica também que, por definição, qualquer nova contração seria considerada uma nova recessão, e não uma continuação da que começou em 2007, já que haveria mais de um ano de intervalo entre elas.
A avaliação foi feita com base em revisões do PIB real e de outros índices, como o Produto Nacional Bruto.

RESQUÍCIOS
O anúncio trouxe poucas surpresas para analistas econômicos, mas foi recebido com ceticismo por uma população que ainda sente os efeitos da crise.
"Não há dúvidas de que essa foi não só a mais longa, mas também a mais profunda e a de recuperação mais lenta", disse à Folha Ken Goldstein, economista do grupo Conference Board.
Ele aponta para o desemprego (hoje em 9,6%) e para a baixa confiança do consumidor como os sinais mais claros dos problemas.
"Um economista pode dizer que a recessão acabou em junho de 2009, mas o cidadão comum vai retrucar: "Não ligo para o que dizem, na minha realidade continuamos em recessão"."
Goldstein nota que partes importantes da economia não começaram a se recuperar em junho de 2009, como o setor imobiliário e o de trabalho, que continuaram a cair.
Em outro anúncio ontem, a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) disse que o desemprego não voltará aos níveis pré-crise antes de, pelo menos, três anos.
Para Goldstein, a estimativa é otimista. O Conference Board prevê que a taxa de desemprego não cairá abaixo de 9% antes do fim de 2012. Em dezembro de 2007, a taxa estava em 5%.


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