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ANÁLISE
Geração de empregos se concentra em baixos salários
CLAUDIO SALVADORI DEDECCA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Os resultados de setembro
da PME (Pesquisa Mensal de
Emprego) apresentaram tendência positiva, tanto em termos da redução do desemprego como da evolução dos
rendimentos.
A taxa média de desemprego aberto das regiões metropolitanas alcançou um
patamar relativamente baixo
(6,2%), havendo uma discrepância significativa entre
Salvador (10,3%) e Porto Alegre (4,1%).
Os resultados indicaram
declínio do desemprego por
desalento ou com jornada insuficiente de trabalho.
A menor desocupação tem
sido acompanhada de um
crescimento anualizado da
população no mercado de
trabalho de 1,9%, ante um incremento de 2,8% do total da
população ocupada e de
4,7% dos empregos com carteira de trabalho.
Duas inquietações têm sido manifestadas em relação
à tendência observada. Uma
se refere à possibilidade da
continuidade da queda do
desemprego, e a outra sobre
a representatividade do resultado metropolitano para o
conjunto do país.
Quanto à primeira, é expressiva a possibilidade da
desaceleração da queda da
taxa no próximo ano, ao menos por três motivos: expectativa de um crescimento
econômico menos intenso
em 2011, aumento da participação econômica da população e taxa de desemprego
muito reduzida para alguns
segmentos populacionais.
Em relação à segunda inquietação, dados do Ministério do Trabalho vêm mostrando uma expansão mais
expressiva das áreas não metropolitanas na geração de
empregos formais.
Mesmo na ausência de informação específica, é possível que o desemprego venha
caindo mais rapidamente
nessas áreas, comparativamente ao informado pela
PME.
Do ponto de vista quantitativo, o país tem sido exitoso
no equacionamento do problema de ocupação e da redução da informalidade.
Entretanto, atenção adicional se faz necessária
quanto aos ganhos qualitativos que esse movimento tem
propiciado. A geração de
ocupações encontra-se fortemente concentrada nos baixos rendimentos e em ocupações de baixa qualificação.
É fundamental alargar o
debate sobre a superação do
problema de emprego no
país, debatendo possíveis
iniciativas de políticas públicas visando romper essas
duas restrições da geração
atual de ocupações.
É necessário, ao menos,
enfrentar o problema da qualidade da educação, em especial da formação básica, fortalecer a negociação coletiva
e articular as políticas setoriais ao sistema público de
qualificação e intermediação
de mão de obra.
Independentemente da
sua vontade, a nova Presidência terá esses temas em
sua agenda em 2011.
CLAUDIO SALVADORI DEDECCA é
professor do Instituto de Economia da
Unicamp.
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