São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2010

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Um em cada três imigrantes desiste da UE devido à crise

Além disso, muitos voltam para casa devido ao rígido policiamento de fronteiras imposto por vários países

Com o real forte, cerca de 400 mil brasileiros deixaram o exterior e voltaram ao Brasil, segundo a Fazenda

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

A crise econômica na Europa e o rígido policiamento de fronteiras imposto por países como a Itália derrubaram em mais de 30% o número de imigrantes que tentaram entrar ilegalmente na União Europeia no ano passado, anunciou a agência de fronteira do bloco.
Segundo a Frontex, as chegadas por mar -alvo das medidas italianas- caíram 43% no período, de 84,9 mil pessoas para 48,7 mil.
Com o acordo fechado entre Itália e Líbia no ano passado, que colocou patrulhas líbias no Mediterrâneo para capturar imigrantes africanos ilegais e enviá-los de volta ao continente, os desembarques nas ilhas da Sicília quase acabaram. Ao todo, as entradas na Itália caíram de 37 mil para 9.500.
Segundo o Ministério da Fazenda e o Itamaraty, cerca de 400 mil brasileiros que viviam no exterior retornaram ao país nos últimos anos. É pouco mais de 13% dos 3,02 milhões no exterior -800 mil deles na Europa.
Com 79,4 mil casos, ou 75%, segundo a Frontex, a maior porta de entrada no bloco é hoje a Grécia, país em que os ilegais chegam tanto por terra, da vizinha Albânia ou da Ásia Central e do Oriente Médio via Turquia, como por mar, da África.
Após obterem documentos falsos, muitos seguem para a Europa Ocidental.
Mas a crise que atingiu o continente também pesou para inibir a imigração, diz o relatório divulgado ontem, no quinto aniversário da agência que coordena as polícias de fronteira na UE.
Os prognósticos de que a Europa crescerá menos do que os EUA e os emergentes -1% na projeção recente, ante 2,8% de avanço americano- são pouco animadores para os clandestinos.
Em 2009, segundo a Frontex, foram registradas 106,2 mil tentativas de entrada clandestina no espaço Schengen de livre circulação de pessoas (que reúne 22 dos 27 países da UE, além de Suíça, Noruega e Islândia).
O fluxo desde os países do Leste, de fora da UE, diminuiu em 50% por conta da situação econômica. Mas o maior contingente de ilegais vem da Albânia: foram 40,3 mil pessoas -queda de 6% em relação a 2008.
A mudança nos teatros de guerra globais também afetou o fluxo migratório, conforme relato do Acnur, o braço da ONU para refugiados.


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