São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

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Quem apostar contra o euro vai queimar os dedos, diz Sarkozy

DO ENVIADO A DAVOS

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, aproveitou a plateia de Davos para uma declaração de guerra aos investidores que especulam contra o euro:
"Quem apostar contra o euro vai queimar os dedos", disse Sarkozy, em discurso na sessão de ontem do encontro anual de Davos.
O pronunciamento é uma tentativa de espancar o principal fantasma que circula entre os executivos das grandes corporações globais, que formam a plateia básica de Davos: o temor de que países europeus se vejam obrigados a dar o calote, na impossibilidade de pagar suas dívidas.
Sarkozy envolveu a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, na operação amansa-especulador:
"A senhora Merkel e eu nunca -vocês me ouviram, nunca- vamos deixar o euro cair".
Merkel, a propósito, fala hoje ao mesmo público e não vai desmentir seu colega. Como são as duas maiores economias da Europa, à primeira vista se trata de manifestação de peso.
Ainda assim não foi suficiente para convencer um investidor poderoso e muito ouvido como George Soros. Para ele, a Europa não deve esperar até 2013 para começar a reestruturação da dívida, uma expressão mais suave que calote, mas que quer dizer a mesma coisa.
Soros acha que a Grécia vai ter de reestruturar a dívida e há probabilidades de que Portugal também o faça.

GRÉCIA
O primeiro-ministro grego, George Papandreou, negou, como era previsível, essa hipótese, sempre em Davos, mas não deixou de dizer que o FMI deve esticar os programas de socorro a países como a própria Grécia e que os juros devem ser reduzidos.
A hipótese de reestruturação da dívida dos países periféricos da Europa (além da Grécia e da Irlanda, também Espanha e Portugal) surge recorrentemente, a ponto de um grupo de investidores ter se reunido no fim de semana em Berlim, justamente para examinar a possibilidade.
A hipótese ficou reforçada quando Merkel disse, no fim do ano passado, que os investidores que detêm papéis da dívida de países europeus deveriam "dividir o custo" do esforço para sanear o orçamento desses países.
Dividir o custo foi imediatamente traduzido como uma redução no pagamento das dívidas, o que o jargão batiza de "hair cut", corte de cabelo.
Mas a tese da reestruturação foi vigorosamente rejeitada ontem pelo secretário norte-americano do Tesouro, Timothy Geithner. "Não acredito em reestruturação nem creio que os dirigentes europeus estejam pensando nela", diz Geithner.
(CR)


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