São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2010

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Portugueses devem entrar na Oi via Funcef

Ingresso da Portugal Telecom na empresa controladora da tele brasileira deve ocorrer com venda de fundo da CEF

Previ e Petros devem continuar no negócio; acordo consolida cinco grupos na telefonia brasileira

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

A entrada da PT (Portugal Telecom) na empresa controladora da Oi deverá ocorrer por meio da venda da participação dos fundos de pensão.
A Folha apurou que, na semana passada, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) fechara acordo com Previ (fundo dos funcionários do BB), Funcef (da Caixa) e Petros (Petrobras) o qual previa que teriam de vender sua participação.
Consultados, os fundos negaram a venda. Mas pessoas próximas a essas negociações disseram que a Funcef deverá abrir mão de seus 10%, retirando-se da Oi. Os detalhes dessa negociação serão definidos na próxima semana. Previ e Petros devem continuar no negócio.
Embora o prazo final do acordo seja 31 de outubro, ele deverá ser concretizado até setembro.
Tanto a entrada da PT na Oi quanto a venda da participação da operadora portuguesa na Vivo à Telefónica serão analisadas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Os dois negócios representam os primeiros passos de um processo em curso que trará mais investimentos estrangeiros.
O Brasil é um dos países que mais devem atrair recursos até 2015, não somente devido à Copa e à Olimpíada, mas ao crescimento do mercado interno. Até 2014, estima-se que 22% dos domicílios terão TV paga, 92% da população terá celular, e 33%, acesso à web móvel.

12 ANOS DEPOIS
Movimentando R$ 25,7 bilhões, os dois negócios ocorrem 12 anos após a privatização das teles do Sistema Telebrás, que rendeu R$ 22 bilhões, em 1998.
O avanço tecnológico com a popularização do celular e o crescente uso da internet pela rede móvel mudaram a lógica da privatização, que previa a atuação de um número maior de operadoras competindo entre si em todo o país.
Agora ocorre o contrário: menos competidores disputando mercado. E essas operadoras passam a ter um peso maior porque consolidam suas operadoras de telefonia fixa, móvel, TV paga e internet em uma só.
Mas, ao contrário do que previam os analistas no passado, essa mudança não é ruim para o consumidor.

CINCO GRUPOS
A partir de agora, a competição se dará entre os mexicanos da América Móvil (Embratel, Claro e Net), os espanhóis da Telefónica (Telefônica, Vivo e TVA), os italianos da Telecom Italia (TIM e Intelig), os franceses da Vivendi (GVT) e a nova Oi (PT, Oi e Brasil Telecom). Há também a Nextel, mas ela só atua com telefonia móvel.
Embratel e Claro devem ser fundidas em uma só empresa. A TIM adquiriu a Intelig. A Brasil Telecom foi comprada pela Oi, e a GVT, pela Vivendi. Faltava à Telefónica ter uma operadora móvel para a oferta de pacotes combinados de internet, TV, telefonia fixa e móvel.
Com a PT, a operadora espanhola não conseguia levar essa estratégia adiante e correria o risco de ver sua presença diminuída com o avanço da concorrência.


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