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ANÁLISE
Efeito do controle da Vivo pela Telefónica e questões sobre a Oi virão no longo prazo
ARTHUR BARRIONUEVO
ESPECIAL PARA A FOLHA
A entrada minoritária da
Portugal Telecom na Oi, se
não existirem movimentos
subsequentes, terá pouco
efeito sobre o mercado.
A Oi continuará a maior
empresa de telecomunicações fixas no Brasil, com uma
rede que abrange todo o território nacional, exceto o Estado de São Paulo, e com posição dominante nas regiões
em que atua, nos mercados
de voz fixa e banda larga.
De outro lado, continuará
com um grau de endividamento que não é favorável à
sua rápida expansão. A mudança de sócios minoritários
não altera esse quadro.
No caso do controle total
da Vivo pela Telefónica, o
mercado de telecom será afetado pelo fato de que a empresa espanhola poderá ofertar pacotes que incluem serviço de voz fixo, móvel, internet banda larga e TV por assinatura. Mas apenas no Estado de S. Paulo, que é onde a
Telefónica tem sua rede fixa e
pode viabilizar essas ofertas.
No resto do país a Telefónica continuará presente sobretudo por intermédio da
Vivo. Aumentará a capacidade competitiva da Telefónica
com os pacotes, todavia isso
não deve alterar a estrutura
do setor de modo profundo
no curto e médio prazo.
LONGO PRAZO
No longo prazo, tendo em
vista as perspectivas para a
evolução das telecomunicações, de utilização cada vez
maior dos serviços que a banda larga possibilita, como ficará a situação para o cidadão/consumidor brasileiro?
No tocante à integração
Telefónica/Vivo, certamente
as sinergias entre os serviços
fixos e móveis serão mais
bem aproveitados do que
quando existia o controle
compartilhado com a PT.
Todavia, como os serviços
móvel e fixo têm vantagens
específicas -um, a mobilidade, o outro, maior velocidade
e confiabilidade- eles continuarão sendo mercados separados, onde a Telefónica
apenas aproveitará melhor
sua complementaridade.
Já a entrada da PT na Oi levanta outras questões. Hoje,
seu impacto é praticamente
nulo. Entretanto a Oi é uma
empresa com alta necessidade de investimento em um
mercado em rápida expansão, que tem restrições trazidas pela sua dívida.
A PT é uma empresa com
recursos disponíveis que pode resolver este problema, se
aumentar sua participação
acionária. Como será o futuro
da PT na Oi, em 5 ou 10 anos?
A justificativa do governo
ao mudar a legislação e permitir um quase monopólio
da rede fixa, quando a Oi
comprou a BrT, foi a "superempresa nacional".
Também os recursos abaixo do custo que o BNDES pôs
nessa operação tiveram tal
justificativa. Eis um dilema
para o tempo desvendar.
ARTHUR BARRIONUEVO, professor da FGV
São Paulo, é especialista em concorrência e
regulação
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