São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Efeito do controle da Vivo pela Telefónica e questões sobre a Oi virão no longo prazo

ARTHUR BARRIONUEVO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A entrada minoritária da Portugal Telecom na Oi, se não existirem movimentos subsequentes, terá pouco efeito sobre o mercado.
A Oi continuará a maior empresa de telecomunicações fixas no Brasil, com uma rede que abrange todo o território nacional, exceto o Estado de São Paulo, e com posição dominante nas regiões em que atua, nos mercados de voz fixa e banda larga.
De outro lado, continuará com um grau de endividamento que não é favorável à sua rápida expansão. A mudança de sócios minoritários não altera esse quadro.
No caso do controle total da Vivo pela Telefónica, o mercado de telecom será afetado pelo fato de que a empresa espanhola poderá ofertar pacotes que incluem serviço de voz fixo, móvel, internet banda larga e TV por assinatura. Mas apenas no Estado de S. Paulo, que é onde a Telefónica tem sua rede fixa e pode viabilizar essas ofertas.
No resto do país a Telefónica continuará presente sobretudo por intermédio da Vivo. Aumentará a capacidade competitiva da Telefónica com os pacotes, todavia isso não deve alterar a estrutura do setor de modo profundo no curto e médio prazo.

LONGO PRAZO
No longo prazo, tendo em vista as perspectivas para a evolução das telecomunicações, de utilização cada vez maior dos serviços que a banda larga possibilita, como ficará a situação para o cidadão/consumidor brasileiro?
No tocante à integração Telefónica/Vivo, certamente as sinergias entre os serviços fixos e móveis serão mais bem aproveitados do que quando existia o controle compartilhado com a PT.
Todavia, como os serviços móvel e fixo têm vantagens específicas -um, a mobilidade, o outro, maior velocidade e confiabilidade- eles continuarão sendo mercados separados, onde a Telefónica apenas aproveitará melhor sua complementaridade.
Já a entrada da PT na Oi levanta outras questões. Hoje, seu impacto é praticamente nulo. Entretanto a Oi é uma empresa com alta necessidade de investimento em um mercado em rápida expansão, que tem restrições trazidas pela sua dívida.
A PT é uma empresa com recursos disponíveis que pode resolver este problema, se aumentar sua participação acionária. Como será o futuro da PT na Oi, em 5 ou 10 anos?
A justificativa do governo ao mudar a legislação e permitir um quase monopólio da rede fixa, quando a Oi comprou a BrT, foi a "superempresa nacional".
Também os recursos abaixo do custo que o BNDES pôs nessa operação tiveram tal justificativa. Eis um dilema para o tempo desvendar.


ARTHUR BARRIONUEVO, professor da FGV São Paulo, é especialista em concorrência e regulação


Texto Anterior: Portugueses devem entrar na Oi via Funcef
Próximo Texto: Portugal Telecom recua e aceita ser minoritária na Oi
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.