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ANÁLISE PECUÁRIA
O efeito da ampliação da escala de produção nos custos
JOSÉ VICENTE FERRAZ
ESPECIAL PARA A FOLHA
A crescente competição
pelo mercado obriga que as
cadeias produtivas se empenhem permanentemente na
redução dos custos de produção. Oferecer preços menores
ao consumidor é fundamental para não perder espaço
para outras opções.
Ganhos de produtividade
são intensamente perseguidos pelos produtores, seja
por meio de adoção de novas
tecnologias ou redução de
perdas.
O ganho na escala de produção, muito especialmente
na bovinocultura de corte, é
provavelmente a estratégia
de redução dos custos de produção de maior eficiência e
de relativamente mais fácil
adoção pelo produtor.
Ao ampliar a escala de produção, os custos fixos se diluem, trazendo sensível economia para o produtor.
Até mesmo os custos variáveis podem cair, na medida em que o poder de negociação do produtor com os
seus fornecedores aumenta
consideravelmente e crescem os volumes de insumos
que ele adquire no mercado.
O crescimento da escala
pode favorecer o produtor
também na venda do boi gordo, pois ele ganha poder de
barganha na transação com
os frigoríficos quando possui
volumes maiores de animais
para ofertar.
AUTOMATIZAÇÃO
Os limites do aumento da
escala de produção na atividade pecuária -com a moderna tecnologia de automatização que propicia ganhos
de produtividade da mão de
obra- foram brutalmente
alargados, a ponto de, na
atualidade, quase não mais
existirem.
A redução dos custos de
produção na bovinocultura
de corte ocorre tanto nas formas intensivas -quando o
crescimento se dá via ganho
de produtividade sobre os fatores de produção- como
nas formas extensivas, quando o crescimento ocorre via
aumento do tamanho da unidade de produção.
Nesse sentido, algumas
das mais importantes transformações que ocorreram
nos últimos anos na atividade pecuária podem ser explicadas.
Os grandes confinamentos, que há 20 anos tinham
capacidade para 10 mil cabeças, hoje possuem 100 mil ou
mais -as propriedades extensivas com rebanho menor
que 500 cabeças cada vez
mais se aproximam da inviabilidade econômica.
Para o consumidor final, o
aumento da escala de produção pode resultar no consumo de um produto mais barato. Para o país, traz a possibilidade de ampliar mercados,
pois muitos concorrentes
não dispõem da alternativa
de ampliar a escala via aumento de área.
Para produtores, o desafio
é o de gerir uma atividade
maior e, portanto, mais complexa e de maior risco. E, para a tecnologia, lança o desafio de criar alternativas economicamente competitivas
que impeçam a marginalização econômica dos pequenos
produtores.
JOSÉ VICENTE FERRAZ é engenheiro
agrônomo e diretor técnico da AgraFNP.
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