São Paulo, segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

UE aprova ajuda de € 85 bi para Irlanda

Do total, 40% vão para bancos; bloco também torna permanente mecanismo de socorro para países endividados

A partir de 2013, detentores privados de títulos de países que receberem ajuda também sofrerão perdas

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

As autoridades financeiras da Europa transformaram o domingo em dia útil. Ministros das Finanças de todo o continente se reuniram, fecharam os termos para o empréstimo para a Irlanda e tornaram permanente o mecanismo para socorrer países endividados.
Tudo para acalmar os mercados hoje e tentar evitar que Portugal e até a Espanha tenham de recorrer aos cofres da União Europeia para fechar suas contas.
Se isso acontecesse, a sobrevivência do euro como moeda única ficaria ameaçada, afirmam economistas.
A Irlanda receberá € 85 bilhões (R$ 195 bilhões). Mais de 40% desse total, € 35 bilhões (R$ 80 bilhões), irá para o país salvar seus bancos, que estão à beira de quebrar.
Nos bancos serão colocados € 10 bilhões imediatamente. O restante comporá um fundo de contingência.
O empréstimo à Irlanda é menor que o dado à Grécia em maio (€ 110 bilhões, R$ 252 bilhões).
Mas os irlandeses pagarão mais juros. Na média, 5,83% ao ano, ante 5,2% cobrados da Grécia -menos, no entanto, que o exigido pelo mercado na semana passada: mais de 9% anuais para papéis de dez anos.
"É o que de melhor havia disponível para a Irlanda", disse o primeiro-ministro, Brian Cowen.
Ao menos seu governo conseguiu manter em 12,5% a taxa cobrada de empresas que se instalam no país.
A taxa, uma das menores da Europa, é vista como concorrência desleal por países como Alemanha e França.
Mas a Irlanda afirma que ela é fundamental para manter o país atrativo para companhias multinacionais, que são uma das únicas opções de criação da emprego num país que amarga uma recessão e terá um plano de austeridade para os próximos quatro anos.
Do total do pacote, € 42 bilhões virão da UE e de empréstimos bilaterais de países do bloco que não fazem parte da zona do euro, como Reino Unido e Suécia.
Outros € 22,5 bilhões virão do FMI (Fundo Monetário Internacional).
A própria Irlanda entrará com € 17,5 bilhões, provenientes principalmente de sua carteira de pensões.

DIVISÃO DE PERDAS
Além dos ministros, o dia foi de conversas entre a chanceler alemã, Angela Merkel, o os presidentes Nicolas Sarkozy (França), José Manuel Durão Barroso (Comissão Europeia) e Jean-Claude Trichet (Banco Central Europeu).
Eles definiram as regras para o mecanismo de solução de crise que entrará em vigor, de forma permanente, em 2013, quando termina a vigência do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira.
O fundo foi criado em julho após a crise da Grécia.
Ficou acertado que os detentores privados de títulos de países que receberem ajuda também sofrerão perdas, como queria a Alemanha.
Mas essa perda não será automática. Será discutida caso a caso, como queriam os franceses.
De todo modo, nada muda até 2013, o que pode ser visto com alívio pelo investidor.
O dia de hoje mostrará que efeito tudo isso terá nas Bolsas e na negociação dos títulos dos países. No início dos mercados na Ásia, a reação foi boa, com alta do euro.


Texto Anterior: Aperto fiscal cai e meta do ano fica distante
Próximo Texto: Saiba mais: Crise no país tem origem em estouro de bolha
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.