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UE aprova ajuda de € 85 bi para Irlanda
Do total, 40% vão para bancos; bloco também torna permanente mecanismo de socorro para países endividados
A partir de 2013,
detentores privados de
títulos de países
que receberem ajuda
também sofrerão perdas
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
As autoridades financeiras
da Europa transformaram o
domingo em dia útil. Ministros das Finanças de todo o
continente se reuniram, fecharam os termos para o empréstimo para a Irlanda e tornaram permanente o mecanismo para socorrer países
endividados.
Tudo para acalmar os mercados hoje e tentar evitar que
Portugal e até a Espanha tenham de recorrer aos cofres
da União Europeia para fechar suas contas.
Se isso acontecesse, a sobrevivência do euro como
moeda única ficaria ameaçada, afirmam economistas.
A Irlanda receberá € 85 bilhões (R$ 195 bilhões). Mais
de 40% desse total, € 35 bilhões (R$ 80 bilhões), irá para o país salvar seus bancos,
que estão à beira de quebrar.
Nos bancos serão colocados € 10 bilhões imediatamente. O restante comporá
um fundo de contingência.
O empréstimo à Irlanda é
menor que o dado à Grécia
em maio (€ 110 bilhões,
R$ 252 bilhões).
Mas os irlandeses pagarão
mais juros. Na média, 5,83%
ao ano, ante 5,2% cobrados
da Grécia -menos, no entanto, que o exigido pelo mercado na semana passada: mais
de 9% anuais para papéis de
dez anos.
"É o que de melhor havia
disponível para a Irlanda",
disse o primeiro-ministro,
Brian Cowen.
Ao menos seu governo
conseguiu manter em 12,5%
a taxa cobrada de empresas
que se instalam no país.
A taxa, uma das menores
da Europa, é vista como concorrência desleal por países
como Alemanha e França.
Mas a Irlanda afirma que
ela é fundamental para manter o país atrativo para companhias multinacionais, que
são uma das únicas opções
de criação da emprego num
país que amarga uma recessão e terá um plano de austeridade para os próximos quatro anos.
Do total do pacote, € 42 bilhões virão da UE e de empréstimos bilaterais de países do bloco que não fazem
parte da zona do euro, como
Reino Unido e Suécia.
Outros € 22,5 bilhões virão
do FMI (Fundo Monetário Internacional).
A própria Irlanda entrará
com € 17,5 bilhões, provenientes principalmente de
sua carteira de pensões.
DIVISÃO DE PERDAS
Além dos ministros, o dia
foi de conversas entre a chanceler alemã, Angela Merkel,
o os presidentes Nicolas Sarkozy (França), José Manuel
Durão Barroso (Comissão Europeia) e Jean-Claude Trichet
(Banco Central Europeu).
Eles definiram as regras
para o mecanismo de solução de crise que entrará em
vigor, de forma permanente,
em 2013, quando termina a
vigência do Fundo Europeu
de Estabilidade Financeira.
O fundo foi criado em julho após a crise da Grécia.
Ficou acertado que os detentores privados de títulos
de países que receberem ajuda também sofrerão perdas,
como queria a Alemanha.
Mas essa perda não será
automática. Será discutida
caso a caso, como queriam os
franceses.
De todo modo, nada muda
até 2013, o que pode ser visto
com alívio pelo investidor.
O dia de hoje mostrará que
efeito tudo isso terá nas Bolsas e na negociação dos títulos dos países. No início dos
mercados na Ásia, a reação
foi boa, com alta do euro.
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