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Google pode perder hoje sua licença na China
Renovação anual expira e empresa teme não obter acordo com o governo
Crise começou com
a recusa do Google em continuar censurando informações dentro do
site de busca chinês
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
O Google pode ficar inacessível na China a partir de
amanhã por falta de acordo
com o governo chinês, informou ontem um porta-voz da
empresa norte-americana.
Segundo a versão do Google, o governo chinês vinha
pressionando a empresa a
parar de redirecionar os acessos dentro da China (google.com.cn) ao site de Hong
Kong (final.hk), que está livre de censura.
O redirecionamento, adotado em março, foi a solução
adotada pelo Google três meses após a empresa se recusar a continuar censurando
informação no site chinês.
Embora pertença à China
desde 1997, Hong Kong está
sob um regime diferenciado
por 50 anos, que mantém a liberdade de expressão.
"Está claro, a partir das
conversas que tivemos com
representantes do governo
chinês, que eles consideram
o redirecionamento inaceitável -e que, se continuarmos
redirecionando usuários, a
nossa licença de Provedor de
Conteúdo de Internet [ICP,
na sigla em inglês] não será
renovada", escreveu o diretor jurídico do Google, David
Drummond, no blog oficial
da empresa.
A licença de ICP do Google
é válida até 2012, mas precisa
de renovação anual -e o prazo deste ano expira hoje.
"Sem uma licença ICP, não
podemos operar um site comercial como Google.cn,
portanto o Google efetivamente se apagará na China",
afirmou Drummond.
NEGOCIAÇÃO
Para tentar apaziguar Pequim, Drummond disse que,
nos últimos dias, uma pequena porcentagem dos usuários na China voltou a entrar
no google.com.cn, com a opção de link para o .hk.
Na prática, o redirecionamento continua, já que o
buscador é o de Hong Kong,
enquanto o Google chinês
oferece serviços não submetidos a filtro, como baixar
música e serviço de tradução.
O diretor jurídico afirmou
que o Google apresentou esse esquema na hora de reenviar o pedido de renovação
do ICP, anteontem. Até ontem à noite na China (11 horas a mais em relação a Brasília), o governo chinês não havia se pronunciado.
Para o colunista Malcom
Moore, da "China Economic
Review", o uso da página de
Hong Kong não dribla a censura, pois o governo chinês
bloqueia páginas predeterminadas via firewall. "Mas isso obviamente faz o Google
se sentir bem, já que não é ele
quem faz a censura."
A China é um dos poucos
países onde o Google não é o
principal buscador. Perde
para o Baidu. Com cerca de
400 milhões de internautas,
a China tem o maior número
de usuários web do mundo.
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