São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2010

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Google pode perder hoje sua licença na China

Renovação anual expira e empresa teme não obter acordo com o governo

Crise começou com a recusa do Google em continuar censurando informações dentro do site de busca chinês


FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

O Google pode ficar inacessível na China a partir de amanhã por falta de acordo com o governo chinês, informou ontem um porta-voz da empresa norte-americana.
Segundo a versão do Google, o governo chinês vinha pressionando a empresa a parar de redirecionar os acessos dentro da China (google.com.cn) ao site de Hong Kong (final.hk), que está livre de censura.
O redirecionamento, adotado em março, foi a solução adotada pelo Google três meses após a empresa se recusar a continuar censurando informação no site chinês.
Embora pertença à China desde 1997, Hong Kong está sob um regime diferenciado por 50 anos, que mantém a liberdade de expressão.
"Está claro, a partir das conversas que tivemos com representantes do governo chinês, que eles consideram o redirecionamento inaceitável -e que, se continuarmos redirecionando usuários, a nossa licença de Provedor de Conteúdo de Internet [ICP, na sigla em inglês] não será renovada", escreveu o diretor jurídico do Google, David Drummond, no blog oficial da empresa.
A licença de ICP do Google é válida até 2012, mas precisa de renovação anual -e o prazo deste ano expira hoje.
"Sem uma licença ICP, não podemos operar um site comercial como Google.cn, portanto o Google efetivamente se apagará na China", afirmou Drummond.

NEGOCIAÇÃO
Para tentar apaziguar Pequim, Drummond disse que, nos últimos dias, uma pequena porcentagem dos usuários na China voltou a entrar no google.com.cn, com a opção de link para o .hk.
Na prática, o redirecionamento continua, já que o buscador é o de Hong Kong, enquanto o Google chinês oferece serviços não submetidos a filtro, como baixar música e serviço de tradução.
O diretor jurídico afirmou que o Google apresentou esse esquema na hora de reenviar o pedido de renovação do ICP, anteontem. Até ontem à noite na China (11 horas a mais em relação a Brasília), o governo chinês não havia se pronunciado.
Para o colunista Malcom Moore, da "China Economic Review", o uso da página de Hong Kong não dribla a censura, pois o governo chinês bloqueia páginas predeterminadas via firewall. "Mas isso obviamente faz o Google se sentir bem, já que não é ele quem faz a censura."
A China é um dos poucos países onde o Google não é o principal buscador. Perde para o Baidu. Com cerca de 400 milhões de internautas, a China tem o maior número de usuários web do mundo.


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