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Mercado reclama de politização na ANP
Ação da Petrobras subiu no início da semana com expectativa de anúncio positivo antes da eleição presidencial
Para especialista em governança, autoridade precisa ter bom senso para fazer projeções que mexam com a Bolsa
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Aconteceu mais uma vez e
dessa vez a três dias do segundo turno da eleição.
Novas projeções do presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Haroldo
Lima, sobre as reservas do
pré-sal provocaram oscilação nos papéis da Petrobras,
além de mal-estar e de críticas no mercado de capitais.
Reincidente, Lima "vazou" na tarde da quinta, em
pleno funcionamento da Bolsa, a informação de que o
campo de Libra poderia ter
até 16 bilhões de barris -até
então, sabia-se que ficava entre 6 bilhões e 12 bilhões.
Ontem, veio outra estimativa, no meio da tarde, ainda
menos precisa: entre 3,7 bilhões e 15 bilhões.
O mercado oscilou ao sabor de vazamentos e de rumores ao longo da semana, a
última antes da eleição.
Segundo Erick Scott, da
corretora SLW, havia o rumor
de que a Petrobras -e não a
ANP- divulgaria uma descoberta maior do que Tupi.
As ações PN (sem voto) subiram 1,49% na segunda,
5,2% na terça e 1,31% na
quarta -ontem, recuaram
1,56%. Na quinta, terminou o
mistério. A Petrobras falou
sobre a descoberta em Sergipe e a ANP sobre Libra.
"Pode ter tido uma confusão com a descoberta em Sergipe e com o campo de Libra.
Não teve nenhuma grande
novidade, mas o presidente
da ANP não deveria vir durante o pregão falar de uma
descoberta. A ANP deveria
fazer esse comunicado depois do fechamento", disse.
Para Heloisa Bedicks, superintendente do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), as autoridades do setor público deveriam ter bom senso antes de
fazer declarações sobre informações sigilosas.
"A gente assistiu neste ano
a vários ruídos envolvendo
estatais. Parece que as pessoas não entendem que uma
determinada declaração enquanto o mercado está aberto pode provocar um rebuliço. Falta um pouco de profissionalismo e de bom senso."
Ao lado da Amec (associação dos minoritários), o IBGC
vai fazer um seminário para
discutir a governança do setor público, no dia 11.
Para o gestor independente Fernando Leitão, especialista em dividendos, o timing
das divulgações da ANP e da
Petrobras, à véspera da eleição, foi infeliz e leva a suspeitas de uso político da empresa. "Isso depõe contra nosso
mercado. Cada vez que isso
acontece, as ações da Petrobras ficam mais descontadas
[caem]", disse Leitão.
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