São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2010

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Resgate à Irlanda não consegue conter temor na Europa

Economistas duvidam que pior tenha passado, e crise começa a afetar mercado de títulos públicos italianos

ROBERT BUDDEN
DO "FINANCIAL TIMES"

O impacto positivo do pacote de resgate de € 85 bilhões da União Europeia à Irlanda se provou momentâneo, ontem, porque os investidores continuaram concentrados no risco de que a crise de dívidas se espalhe a outros países, incluindo, pela primeira vez, a Itália.
Em entrevista concedida ao "Financial Times", Ajai Chopra, do departamento europeu do FMI, admitiu que o Fundo falhou ao não ter previsto antes a crise na Irlanda, mas defendeu a atuação da instituição.
"Temos de ter cuidado para não prever mais crises do que as que vão mesmo se concretizar", disse Chopra.
As notícias de que França e Alemanha também haviam fechado acordo sobre um novo mecanismo para enfrentar futuras crises na zona do euro tampouco bastaram para persuadir comentaristas econômicos de que a Europa superou o pior da crise.
Falando em conferência realizada em Praga, Nouriel Roubini, professor de economia na Universidade de Nova York, afirmou que seria necessário um resgate para Portugal e que os fundos oficiais podem não ser suficientes para resgatar a Espanha caso o país necessite de apoio.
Os analistas afirmaram que os detalhes do pacote de resgate indicavam que os membros mais linha-dura da zona do euro, como a Alemanha, estavam se provando mais relutantes em aprovar resgates em larga escala.
A recepção desfavorável ao resgate à Irlanda contrasta fortemente com a conquistada pelo anúncio do socorro à Grécia, meses atrás, que animou os mercados e causou queda nos rendimentos dos títulos do governo grego.
A dívida da Irlanda, que na manhã de ontem chegou a exibir ligeira alta, recuou, e o rendimento dos títulos irlandeses de dez anos subiu 12 pontos básicos, para 9%.
A preocupação quanto à escala das dívidas nos chamados países periféricos começa a afetar também os mercados de títulos públicos italianos, depois de um leilão que não conseguiu atrair forte demanda apesar da oferta de rendimentos substancialmente mais elevados.

PRESSÃO SOBRE O EURO
Preocupações quanto ao nível de captação do governo e um alerta da Comissão Europeia de que o crescimento entre os países da zona do euro deve ser lento no ano que vem mantiveram a pressão sobre o euro.
Diante do dólar, o euro caiu por breve período a uma mínima de US$ 1,3080, a marca mais baixa em dois meses para a moeda.
Os mercados de ações da Europa fecharam em baixa. O índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, caiu 1,5%, para 5.585 pontos.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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