São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2010

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Sistema de meta não muda, afirma assessor de Dilma

Nelson Barbosa diz que declaração de Guido Mantega foi mal interpretada

"Controle da inflação é prioridade", declara o atual secretário de política econômica do Ministério da Fazenda

NEY HAYASHI DA CRUZ
DE BRASÍLIA

Um dos principais assessores da presidente eleita, Dilma Rousseff, na área econômica, Nelson Barbosa negou ontem que o governo tenha planos de criar um novo índice de preços que exclua itens como alimentos da meta de inflação a ser perseguida pelo Banco Central.
"O sistema de metas funciona bem do jeito que está", afirma Barbosa, que atualmente ocupa o cargo de secretário de política econômica do Ministério da Fazenda.
Ele defende que o cumprimento das metas de inflação seja prioridade da política econômica, com o Banco Central agindo para elevar os juros quando julgar que esse objetivo pode não ser alcançado -mesmo que isso cause impactos negativos no crescimento econômico ou na taxa de câmbio.
Para Barbosa, outras medidas podem ser usadas para amenizar possíveis problemas causados por uma alta nos juros.
No caso do câmbio, redução da carga tributária e investimentos maiores em pesquisa e inovação poderiam ajudar a aumentar a competitividade de empresas brasileiras no exterior mesmo num cenário de real mais valorizado.
Já o crescimento pode ser estimulado por meio da política fiscal -ou seja, maiores gastos públicos-, como ocorreu nos últimos anos.

"NÚCLEO" DA INFLAÇÃO
A ideia de adotar um índice de preços expurgado de alguns itens -o "núcleo" da inflação, no jargão dos economistas- se baseia na tese de que, de tempos em tempos, esses indicadores são afetados por choques extraordinários que não podem ser combatidos com aumentos na taxa de juros.
Seria o caso, por exemplo, de produtos negociados no mercado internacional, como alimentos, que podem subir repentinamente sem que isso seja causado por fatores ligados à economia brasileira.
Segundo o secretário, o uso de uma margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo do centro da meta -hoje em 4,5%- já é suficiente para absorver choques e fazer o papel que poderia ser desempenhado pelos núcleos de inflação.
Barbosa diz que essa opinião é compartilhada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega (que vai continuar no cargo no próximo governo), que teria sido mal interpretado na semana passada ao mencionar que o acompanhamento dos núcleos de inflação é importante, mas não deve substituir o índice já usado hoje como meta.


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