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COMMODITIES
Rede de satélites "big brother" vai monitorar agricultura brasileira
Serão monitorados eventos climáticos, risco de calote e cumprimento de leis ambientais
Sistema projetado em convênio que inclui a Embrapa e a Allianz já está em teste e terá piloto no final do ano
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
A agricultura brasileira terá a partir do fim do ano seu
primeiro "big brother". Um
sistema já em fase de teste
usará imagens de satélite e
banco de dados on-line para
saber se a produção de determinada fazenda corre riscos.
Serão monitorados desde
eventos climáticos até a possibilidade de calote e o cumprimento de leis ambientais.
De posse das informações,
o produtor poderá planejar
do período ideal de colheita
aos contratos de escoamento
da produção.
As seguradoras poderão
premiar com descontos os
proprietários cujas áreas
apresentarem as menores
médias de risco -e até saber
se seus segurados de fato
plantaram e vão colher.
O sistema é fruto de um
convênio de R$ 1 milhão entre a Embrapa, a seguradora
Allianz, a empresa alemã de
sensoriamento remoto Rapid
Eye e a R3ZIS, firma brasileira de tecnologia agrícola.
Ele já vem sendo testado
no interior paulista e terá um
piloto em funcionamento em
vários municípios de Minas
Gerais no fim do ano.
"GOOGLE CAMPO"
Segundo Maurício Meira,
sócio da R3ZIS, o sistema
funcionará como uma espécie de Google Earth, em que
as imagens de satélite das
propriedades formam uma
"base" à qual são adicionadas informações.
Entre elas, dados de solo e
clima, tipo de semente plantada e especificações técnicas de cada cultivar.
"Muito do risco ocorre porque as pessoas não usam o
produto correto. Uma variedade de milho sujeita à perda
em um número X de dias sem
chuva e que é plantada em
uma região com estiagens
desse tipo", diz Meira.
As fazendas cadastradas
terão monitoramento diário
de cinco satélites.
Eles são capazes de "enxergar" o estado de saúde
das plantas. Como eles captam luz infravermelha, conseguem, por exemplo, ver
uma folha amarelando antes
de o produtor perceber.
Somado aos dados meteorológicos, isso permite emitir
alertas de risco precoces.
Testes no interior paulista
conseguiram prever estiagens com sucesso.
"RISCO MORAL"
Além do risco climático e
agropecuário, o software permitirá avaliar o chamado risco moral.
"Muitas vezes, a pessoa
pode criar uma informação
que não é verídica [inventar
uma quebra de safra] para
acessar o seguro", diz Paulo
Cruvinel, da Embrapa Instrumentação Agropecuária.
A ideia no futuro é adicionar mais dois tipos de informação. O primeiro são dados
de logística, como estradas,
portos e armazenagem.
O segundo tipo, cada vez
mais importante para produtos de exportação, são dados
socioambientais, como o
cumprimento dos percentuais de reserva legal e área
de preservação permanente.
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