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Medo de crítica trava marketing na rede
Diálogo entre companhias e usuários não pode ser monodirecional e deve agregar valor, afirma especialista
Entre os maiores erros, estão a entrada nas redes por modismo
e a falta de respostas adequadas a críticas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As empresas ainda estão
muito mais "gritando" nas
mídias sociais do que trazendo algo significativo de volta
para os consumidores.
A afirmação é de Fábio Cipriani, gerente responsável
pela consultoria em mídias
sociais da Deloitte.
"Eles gritam, a gente reage, e eles não reagem de volta", diz. E completa: "Se vai
fazer o diálogo, faça bem-feito, traga valor para o cliente.
Quando ele acha uma porta
aberta, ele vai reclamar, ele
vai perguntar, e, se a empresa estiver ali só fazendo marketing, não vai estar preparada para responder".
Joyce Jane, presidente do
iDigo, Núcleo de Inteligência
Digital, usa a analogia de um
casamento para explicar o
diálogo entre empresas e
consumidores nas redes.
"Se uma das pessoas quer
conversar, e a outra não
quer, a chance de que a quer
conversar encontrar outra
pessoa disposta é grande. Se
o seu consumidor quer falar
com você, e você não quer falar com ele, provavelmente
uma outra empresa vai estar
aberta, vai receber melhor
esse consumidor e tem uma
grande chance de ele trocar
você", diz.
JOGO DOS ERROS
Para Jane, as empresas cometem dois grandes erros
nas redes sociais. O primeiro
deles é não entrar por temer
que as reclamações tenham
mais visibilidade.
"Se a empresa não está na
rede porque acha que tem
problemas, provavelmente
as pessoas já estão falando
dela. E estão falando mal",
aponta Jane, que destaca
ainda que, se a companhia
não está monitorando, não
sabe o que é falado sobre ela.
"Por não saber, ela não está tentando reverter esse
quadro e não está tentando
melhorar o relacionamento
com as pessoas. Logo, provavelmente, ela está perdendo
clientes", conclui.
O segundo erro é entrar somente porque está na moda.
"[Uma rede social] exige
dedicação, alimentação em
tempo real, investimento.
Não adianta entrar porque
está se sentindo pressionada
por outras empresas que estão lá. Vai ser só um canal para gastar dinheiro e desgastar sua imagem", afirma.
Quando decide de fato que
é hora de investir nesses canais de relacionamento, a
companhia deve definir estratégias. Jane diz que é preciso entender o formato, a
linguagem e o público-alvo
de cada uma das redes.
COM QUE ROUPA?
O não conhecimento de
uma rede pode levar a experiências desagradáveis para
a empresa.
"Cada canal tem uma característica e é frequentado
por um tipo de pessoa, é preciso entender o ecossistema
de onde a empresa está para
que possa se enquadrar na
forma mais eficaz de se comunicar", diz.
"Não adianta você usar a
mesma roupa pra ir a todos
os lugares. Você troca de roupa de acordo com o ambiente
em que você está, na internet
é a mesma coisa."
Alessandro Barbosa Lima,
presidente da consultoria
E.Life, de mídias sociais,
compara as redes sociais a
uma avenida movimentada
em que todos querem pôr um
outdoor.
"A ação não pode ser monodirecional: "Isso aqui é
uma avenida movimentada,
deixa eu fazer um barulhinho aqui para ver se espalha". Precisa ter o sentido de
"deixa eu conversar com as
pessoas, me relacionar e me
conectar com elas" por relação de confiança mútua."
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