São Paulo, terça-feira 08 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fashion Week

Londres e a eterna busca do novo

Cidade ganha enxurrada de iniciativas para o desenvolvimento de novas marcas

por Camila Yahn, em Londres

Na moda, o que alimenta o interesse por Londres é a sua grande capacidade de educar e promover jovens estilistas. Há diversos programas e iniciativas que dão subsídios para que os novos talentos desenvolvam suas marcas e sejam absorvidos pelo mercado.

A mais expressiva delas é a New Gen (nova geração), um projeto criado em 1993 pelo British Fashion Council, que seleciona 20 novos designers para participar da London Fashion Week (LFW). O patrocínio dura três estações e só se aplica a grifes com menos de três anos de vida. O estilista também tem a opção de participar da Exhibition, um megashowroom com mais de 200 marcas, entre famosas e novíssimas, que ocupa um espaço dentro da estrutura da LFW, no Museu de História Natural.

Alexander McQueen, Matthew Williamson e Julien Macdonald, três grandes nomes da moda britânica, começaram suas carreiras como integrantes da New Gen. Desde 2002, o projeto é patrocinado pela loja de departamentos Top Shop, que, espertamente, lança coleções avulsas dos jovens destaques de cada estação.

Entre os integrantes da New Gen deste ano, esteve o escocês Christopher Kane, eleito melhor estilista de 2007 pelo British Fashion Award. Ele estreou sua primeira coleção em 2006, numa apresentação exclusiva para Anna Wintour (depois disso, foi convidado para se sentar ao lado dela na primeira fila do desfile da Versace, em Milão).

Outra participante foi a jovem Hannah Marshall, proprietária e estilista de uma marca feminina que leva seu nome. Para ela, o fato de receber esse patrocínio foi fundamental. "Tenho crescido gradualmente e cheguei a um estágio em que a entrada desses recursos foi crucial para que eu continuasse meu trabalho com consistência. Também me trouxe mais visibilidade em termos de exposição e volume de vendas", disse à Folha.

Segundo o British Fashion Council, há ainda quatro iniciativas importantes: o Fashion East, o On/Off, a MAN e o tradicional desfile de formatura da escola Central Saint Martins, que mostra 20 coleções durante a temporada londrina.

O Fashion East está para a London Fashion Week assim como a Casa de Criadores ou o extinto Amni Hot Spot estão para a São Paulo Fashion Week. Porém, a seleção é bem mais rígida, já que apenas três marcas são escolhidas a cada três temporadas, por uma banca secreta que inclui compradores e jornalistas.

Fica a cargo do Fashion East toda a logística do desfile, desde a captação de recursos à organização do showroom, enquanto os estilistas se preocupam somente com a criação das roupas. Atualmente integram o projeto as marcas David David, do estilista David Saunders, com um ótimo trabalho de estamparia; Noki, de JJ Hudson; e a estilista Louise Gray. Os desfiles, que ocorreram numa antiga fábrica de cerveja, foram vistos por jornalistas importantes, como Hillary Alexander, do "Daily Telegraph", e Jefferson Hack, do grupo "Dazed & Confused", e tiveram uma boa aceitação por parte da mídia. "Londres tem esse ponto positivo: há espaço para todos", diz Louise.

O britânico Gareth Pugh, o grego Marios Schwab e a grife House of Holland, três dos nomes mais quentes da semana de moda londrina, começaram suas carreiras no Fashion East. Hoje em dia, Henry Holland é uma sensação na cidade (muito por conta de sua amizade com a top do momento, Agyness Deyn) e tem entre suas fãs as atrizes Sienna Miller e Lindsay Lohan. No rastro do sucesso do amigo Gareth, Henry criou uma "slogan t-shirt" com a frase "UHU Gareth Pugh!". Foi sucesso absoluto, e suas camisetas viraram mania entre os jovens loucos por moda.

Na LFW, um terço dos desfiles (60 no total) são de marcas novas. E há mais cerca de 25 estilistas considerados jovens que desfilam fora do calendário oficial. Espaço para desfilar não falta. E, com tantos criadores surgindo a cada estação, a temporada de desfiles deixa os compradores, sedentos por novidade, de cabelos em pé. Lojas como a Liberty e a Dover Street Market, em Londres, e a Colette, em Paris, são alguns dos ótimos espaços com quem os novos designers podem contar.

O trabalho mais duro fica mesmo para os estilistas, que têm que aprender uma difícil equação: originalidade, qualidade, design, bom preço e capacidade de gestão. E não adianta ter tudo isso se também não conseguirem entregar dentro do prazo. Ufa!


Texto Anterior: Mercado: No meio do furacão
Próximo Texto: Acessórios: Ecodesign com conteúdo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.