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'Solução alemã' não é suficiente, diz FMI

Para diretora Lagarde, não basta austeridade fiscal, defendida pelo governo alemão, para resolver crise da Europa

Em SP, ela afirmou estar preocupada com avanço do protecionismo no comércio e indicou se referir ao caso do Brasil

DE SÃO PAULO

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse ontem em São Paulo que a "solução alemã" de austeridade fiscal não será suficiente para solucionar a crise da dívida na União Europeia.

"Apenas ajuste fiscal não vai resolver a crise, não adianta achar que só a solução à alemã será suficiente", afirmou Lagarde, em entrevista na Globo News.

Lagarde disse ser óbvio que a Alemanha tem memórias desagradáveis da espiral inflacionária que tomou conta do país antes da Segunda Guerra Mundial e que estão "enraizadas" na abordagem defendida pelo país para lidar com a crise europeia.

Referindo-se ao caso da Itália, que tem uma dívida equivalente a 120% do PIB, um avanço muito baixo e está pagando juros de 7,3%, ela defendeu medidas de estabilização, para reduzir o custo de captação de recursos dos países, e "políticas que promovam crescimento".

"Sem crescimento não é possível resolver o problema da dívida", disse Lagarde.

A diretora-gerente do Fundo afirmou que o Brasil é um dos países "mais bem equipados" para lidar com as repercussões da crise econômica mundial.

"É difícil achar que qualquer país poderá escapar totalmente do contágio, mas o Brasil é um dos países mais bem preparados para isso", disse Lagarde.

"O Brasil tem um nível de reservas muito maior que em 2008, o que fornece um amortecedor para variações cambiais, e as medidas monetárias e fiscais têm sido usadas de forma muito sensata."

"Desde que as autoridades continuem monitorando os bancos, garantindo que estão concedendo crédito e não acumulando liquidez, o Brasil está muito bem equipado para lidar com as repercussões da crise", completou.

Lagarde disse estar preocupada com o avanço do protecionismo em meio à crise e deu sinais de que se referia também ao caso brasileiro.

O governo acaba de aprovar medidas de estímulo, como o Reintegra, que prevê devolução de parte da receita das exportações e foi considerado ilegal pela Organização Mundial do Comércio.

"Se a crise se estender, há uma tentação, principalmente em países com grandes mercados internos, de adotar medidas protecionistas como barreiras não tarifárias", afirmou a dirigente francesa.

Ela disse que, na reunião do G20 em novembro, países emergentes garantiram estar dispostos a contribuir com mais recursos para o FMI.

Ela não entrou em detalhes, no entanto, a respeito da conversa que teve com o ministro Guido Mantega na quinta-feira -Mantega teria exigido maior participação na administração do Fundo para o repasse de recursos. (PATRÍCIA CAMPOS MELLO)

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