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Mulheres de peito nu dizem encarnar novo feminismo

Sebastien Bozon - 10.nov.2011/France Presse
Seminuas, ativistas do Femen seguram faixa com os dizeres '"mulher não é commodity'"
Seminuas, ativistas do Femen seguram faixa com os dizeres '"mulher não é commodity'"

do enviado a KIEV

As listas de fotos mais acessadas na internet não deixam dúvida: nada chama mais a atenção do que mulheres nuas. A diferença na Ucrânia é que elas se despem em nome da militância feminista.

"Não há nenhuma contradição entre ser bonita e feminista. O feminismo tem várias correntes, e nós formamos a nossa. No mundo atual, os homens dominam a mulher por meio da exploração sexual, e tirar a roupa libera a mulher", diz Alexandra Shevchenko, 23, ao lado de outras três militantes da Femen no bar Kupido, sede informal do grupo, famoso por se manifestar com os seios à mostra.

"Essas velhas damas feministas, que lutaram 40 anos atrás, sinto dizer que estão impotentes e não podem fazer nada", completa a jornalista Inna Schevshenko, 21, dona do inglês mais fluente. "Essa é a nova ideologia feminista e, se você nos procurou, é porque está funcionando."

Criada em 2008, a Femen diz ter 300 militantes apenas na Ucrânia e já perdeu a conta de quantas manifestações realizou. Os motivos variam desde o rechaço ao novo plano de aposentadoria até o apoio à legalização do aborto.

O grupo passa por um processo de internacionalização. Algumas viajaram até a Itália para protestar contra o então premiê Silvio Berlusconi.

Há também iniciativas em outros países. Nos EUA, duas militantes americanas protestaram em Nova York contra a violência policial contra o movimento "Ocupe Wall Street". "Temos também simpatizantes que nos escrevem do Brasil", conta uma delas.

A fama da Femen fez com que algumas militantes, como a jornalista Inna, passassem a se dedicar de forma integral.

Para financiar os protestos, a Femen aceita doações e passou a vender objetos com a marca do grupo. Os artigos incluem bolsas, canecas e até pinturas feitas com os seios.

"Nós pintamos os nossos peitos e vendemos as pinturas. Os europeus adoram, compram e depois enviam fotos mostrando onde penduraram os quadros em seus escritórios e casas", explica Inna.

Mas a fama internacional não mudou a relação com a polícia ucraniana, que continua interrompendo as manifestações por meio de detenções. "Somos tratadas como hooligans, mas não sofremos processo criminal", diz.

Apesar da desenvoltura nas fotos, elas afirmam que não é fácil se despir em público.

"Emocionalmente é difícil, fisicamente é difícil. As suas emoções dizem para você parar. Mas não fazemos para sair numa revista ou para fazer publicidade de prostituição, sabemos que a nossa ideologia é correta", afirma Inna. (FM)

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folha.com/no1016301

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